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Quadrinhos

A origem do Comics Code Authority

Postado em 29 de maio de 2019

A nossa história começa em 1938, quando é lançada a revista Action Comics #1. Na capa, vemos um homem de uniforme azul com um manto vermelho segurando no ar um carro. Esta é a primeira aparição do Super-Homem, criação de Jerry Siegel e Joe Shuster.

Em maio de 1939, somos apresentados ao Batman, e, em 1940, o personagem The Spirit, criado por Will Eisner, chega às bancas.

Todos esses fatos ocorreram durante a denominada “Era de Ouro” dos Quadrinhos norte-americanos, que durou entre as décadas de 1930 e 1950.

Em meados da década de 1950, ocorre o declínio das vendas de HQs, e essa situação coincide com a criação do Comics Code Authority [Código de Censura das HQs], que, resumidamente, consistia em um selo de aprovação que as histórias em quadrinhos deviam possuir para circular nas bancas. Ele proibia insinuações sexuais, imagens violentas, histórias de terror e menções à corrupção, entre outros temas.

O código não tinha autoridade legal, pois se tratava de uma iniciativa privada. Como essa ideia de controle moral obteve aceitação da população da época, os distribuidores se recusavam a comercializar revistas que não tivessem o CCA estampado em suas capas

Vários fatores contribuíram para a criação desse selo, e aqui vamos falar sobre alguns: Durante a década de 1930, os educadores acreditavam que o ato de ler histórias em quadrinhos poderia prejudicar a habilidade de leitura e o gosto literário das crianças, como também representava uma afronta à autoridade do professor, já que as crianças acabavam tendo o poder de escolha do que ler nos momentos de lazer.

Não podemos nos esquecer da influência exercida por grupos religiosos e conservadores, que alegavam que os conteúdos das histórias eram imorais, uma vez que apareciam mulheres seminuas e a existia uma “glorificação” de personagens de caráter questionável.

Outro fator determinante para a criação do CCA foi o posicionamento negativo tomado por psicólogos e psiquiatras, especialistas em saúde mental. O psiquiatra Dr. Fredric Wertham afirmava que as crianças poderiam se tornar violentas, uma vez que eram expostas a histórias sobre crimes, assaltos etc.

Em 1954, o Dr. Wertham publica o livro Seduction of the Innocent [Sedução dos Inocentes], texto que foi o estopim para uma série de ações que resultaram na criação do código. O livro descrevia a indústria de quadrinhos de forma incoerente, atribuindo a essa linguagem a responsabilidade pelos problemas que a juventude apresentava, tais como desvio do comportamento sexual e aumento da criminalidade e da delinquência.

O embasamento do Dr. Wertham veio de sua experiência no tratamento de delinquentes juvenis. Ele observou que a maior parte de seus pacientes era consumidor de quadrinhos, chegando à conclusão que os jovens eram diretamente influenciados pelas histórias.

O fato é que a publicação causou uma angústia na sociedade da época. A Segunda Guerra Mundial havia se encerrado há pouco e a população, desesperada com a ameaça vermelha (comunismo), elegeu um bode expiatório para exorcizar seus problemas, os quais eram evidentemente muito mais profundos do que qualquer perturbação que uma história em quadrinhos pudesse causar a um indivíduo.

No inicio da década de 1960 o CCA foi perdendo força, em parte por conta da mudança de pensamento da época, em parte pelo surgimento do quadrinho underground.

Em 1971, Stan Lee, a pedido do governo norte-americano, narra uma história do Homem-Aranha e fala sobre o uso de drogas na adolescência. Como o responsável pela liberação da publicação, John Goldwater, recusou-se a aprová-la, Lee publicou a HQ sem o selo. A história foi bem recebida pelo público e as boas vendagens de um produto sem o CCA acabaram marcando o fim definitivo de uma era.

Para saber mais acesse: http://pipocaenanquim.com.br/

Por Jéssica Silva

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