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Mirella Ricciardi: homenagem aos povos da Amazônia

A a exposição inédita Mirella Ricciardi: homenagem aos povos da Amazônia (Mirella Ricciardi: Homage to the People of the Amazon) apresenta 47 imagens produzidas em 1990 pela célebre fotógrafa italiana-queniana, em viagens a comunidades indígenas amazônicas.

A exposição tem curadoria de Amina Ricciardi, filha da fotógrafa que tem dedicado os últimos 15 anos a catalogar e digitalizar o extenso acervo junto a sua mãe, com o jornalista Leão Serva, e expografia de Álvaro Razuk. Após a temporada na sede do MIS, as fotografias integrarão o Acervo permanente do Museu, para que possam circular por municípios do Estado de São Paulo por meio de programas de itinerância da instituição. A doação ao MIS, segundo a fotógrafa, representa uma devolução de seu trabalho ao público brasileiro, em uma homenagem à resistência dos povos da Amazônia.

SOBRE A ARTISTA
Mirella Ricciardi
, hoje com 92 anos, se tornou muito conhecida e influente por trabalhos produzidos na África no fim dos anos 1960 e nos anos 1970. Suas fotografias de pessoas das etnias indígenas do Quênia se tornaram uma referência para inúmeros fotógrafos. O brasileiro Sebastião Salgado conta que decidiu se tornar fotógrafo profissional, abandonando a carreira de sucesso como economista da Organização Mundial do Café, em 1973/74, diante do forte impacto que sentiu ao ver as imagens quando ganhou de presente um exemplar do livro “Vanishing Africa” (1971). Ao longo da carreira, trabalhando para revistas internacionais como “Vogue” e “Life”, Mirella produziu trabalhos tão diversos como fotografias de moda (ela foi responsável, por exemplo, pelo lançamento da carreira de modelo da somaliana Iman, viúva de David Bowie) e histórias dramáticas como o garimpo de Serra Pelada ou a vida dos então chamados “meninos de rua” do Rio de Janeiro.

VISITA A AMAZÔNIA
A viagem à Amazônia nasceu de um encontro com os líderes indígenas Ailton Krenak e Davi Kopenawa, em Londres, em um evento promovido pela Fundação Gaia. “A Amazônia vai te abraçar”, disse Krenak. E foi o que aconteceu ao longo de três meses no ano de 1990. Por indicação de Ailton e Davi, Mirella Ricciardi visitou as comunidades de Apiwtxa, dos Ashaninka, às margens do rio Amônea (Acre); de Maronal, do povo Marubo, no vale do rio Javari (Amazonas); e Watoriki, casa do líder Kopenawa (em Roraima). Era um período de ameaças à integridade do meio-ambiente e dos direitos indígenas. A luta pela demarcação das terras, prescrita na Constituição de 1988, enfrentava resistência de invasores, madeireiros e fazendeiros de gado, no Acre; caçadores e pescadores no Vale do Javari; e garimpeiros na Terra Yanomami.

Passadas três décadas, aos 92 anos, a fotógrafa se chocou ao saber da nova crise sanitária na Terra Yanomami, provocada novamente pelo garimpo; assim como da morte de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari, em 2022. Foi como se o tempo tivesse parado, e os perigos persistindo em ameaçar os povos da floresta.

A artista, então, decidiu retornar seu olhar ao Brasil (suas fotos foram anteriormente expostas em evento paralelo no encontro da ONU sobre o Clima, a Eco-92, no Rio de Janeiro) e “devolver” as imagens aos líderes das três etnias retratadas na exposição – Ashaninka, Marubo e Yanomami –, segundo sua expressão, para a preservação da memória e como “homenagem por sua resistência”. Nasceu daí o projeto da exposição de Mirella Ricciardi no MIS, quando as fotografias também serão doadas ao acervo do Museu, para que possam circular por outras áreas do Estado de São Paulo. Durante a viagem às comunidades indígenas, Mirella Ricciardi produziu um documentário para a série “Video Diaries”, da BBC britânica. Alguns trechos do programa são exibidos na exposição.

Galeria de Fotos

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