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Museu da Imagem e do Som

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A Coleção Carnaval Paulistano no Acervo MIS SP

A Coleção Carnaval Paulistano do Acervo do MIS SP reúne uma série de entrevistas de história oral com pessoas importantes para a História do Carnaval de São Paulo, além de registros fotográficos das comemorações dos anos 1920 até os anos 1970.

FOTOS: Carnaval no Centro de São Paulo. 197[?]. Autoria desconhecida


A série inicia-se com a entrevista do sambista Dionísio Barbosa, no ano de 1976, da qual também participou o professor José Ramos Tinhorão. A partir de 1981, com a criação do Laboratório de História Oral, a série ganha espaço e a pesquisadora Olga Von Simson entrevista diversas personalidades, dentre elas: Nenê da Vila Matilde, Pé Rachado, Madrinha Eunice, Geraldo Filme, e Dona Sinhá.

A pesquisadora, atualmente docente vinculada à Unicamp, tornou-se referência não somente para as pesquisas sobre Carnaval, como também para a metodologia de História Oral.[1]

É importante, ainda, destacar que se trata de um trabalho pioneiro em razão da importância das fontes orais para preservação da memória do fenômeno carnavalesco.

Uma das entrevistas mais marcantes é da sambista Deolinda Madre (1909 – 1995), conhecida como Madrinha Eunice. Em 1937, inspirada pelo carnaval carioca que conheceu na saudosa Praça Onze, Madrinha Eunice fundou a Escola de Samba do Lavapés, na região do Cambuci, a primeira escola de samba de São Paulo.

Ouça o trecho em que a sambista canta o que lembra ser o primeiro samba-enredo da escola, “São Paulo Antigo e São Paulo Moderno”[2], no carnaval de 1968. A criação de samba-enredos foi uma das mudanças decorrentes da oficialização dos desfiles das escolas por parte da prefeitura, ocorrida em 1968. Antes disso, a sambista conta que sua escola tinha o costume de festejar ao som de canções que faziam sucesso nas rádios no momento. São Paulo antigo e São Paulo moderno faz referência à construção do metrô de São Paulo, evento que transformou a paisagem urbana da cidade.

Em outro trecho, Madrinha Eunice diz que a relação entre o Carnaval e o poder público trouxe apoio logístico e financeiro, mas, por outro lado, transformou o carnaval em um espetáculo comercial e enfraqueceu o caráter participativo do carnaval popular de rua, tradicional em vários pontos da cidade.

Desde então, os desfiles passaram a se concentrar na Avenida São João e no Vale do Anhangabaú. A partir de 1977, na Avenida Tiradentes, até a inauguração do Sambódromo do Anhembi, em 1991. É sintomática a forma como Madrinha Eunice afirma em sua entrevista, realizada dez anos antes, “Anhembi? É muito longe, pra lá a gente não vai não.”

Acesse as fotografias e as entrevistas completas da Coleção Carnaval Paulistano no Acervo online.

[1] Veja entrevista da professora Olga Von Simson no site: https://www.fe.unicamp.br/noticias/792

[2] Na SASP – Sociedade dos Amantes do Samba Paulista, consta uma gravação que nos leva a concluir que este samba-enredo é certamente o segundo da escola, e não o primeiro como diz a entrevistada. O primeiro foi São Paulo, passado, presente e futuro, conforme fontes indicadas. Esse tipo de equívoco é muito recorrente na História Oral, o que reforça a importância da utilização de diversas fontes na pesquisa histórica. Fonte: Carnaval paulista reviveEstado de São Paulo, 10 fev. 1968.

Tudo pronto, a Lavapés vai sair. Estado de São Paulo, 14 fev. 1969.

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