Data
13/09/2016 a 16/10/2016
Horários
HORÁRIO 12h-20h ter a sáb 11h-19h dom e feriados permanência de 1h após o último horário
Em um conjunto de esculturas em gesso brancas, a exposição de Tiago Mestre problematiza questões relacionadas à formação da história e da identidade da capital paulista, a partir do contexto do patrimônio arquitetônico. O artista afirma que as obras estabelecem relações formais com a escultura do século 20, mas desenvolvem uma narrativa visual autônoma. "A exposição tem uma ênfase forte na questão do desenho e da forma. Nesse sentido, gostaria de obter a maior neutralidade possível do espaço e, dentro do possível, o seu desaparecimento", diz.
A mostra tem como pano de fundo uma carta de 1945 enviada por Luís Saia (então assistente técnico de Mário de Andrade no SPHAN – atual IPHAN) a Lúcio Costa (diretor de divisão dos estudos e tombamentos do SPHAN) ilustrando possibilidades de desenho para as colunatas da capela do Sítio Santo Antônio, então em processo de recuperação. “Fascinou-me a ideia deste documento, desta incerteza, desta coloquialidade como pano de fundo para a construção de um conjunto de colunas / esculturas. Pensei numa sala em que estas esculturas se dispusessem de um modo irregular abrindo a possibilidade de um percurso errante que permitisse diversas leituras comparativas”, conta.
Tiago Mestre nasceu no Alentejo, no sul de Portugal, em 1978. Vive e trabalha em São Paulo. A sua pesquisa e produção artística confrontam diferentes meios e situações de apresentação, partindo de uma elaboração sensível que se caracteriza pela consciência crítica da materialidade, do fazer, do valor simbólico e antropológico da obra. A pintura, a escultura, a instalação e o vídeo são alguns dos meios privilegiados do trabalho do artista. Estudou arquitetura, participou do Programa Independente de Estudos de Artes Visuais da MAUMAUS com Jürgen Bock, em Lisboa em 2009, e frequentou o curso Avançado em Pintura no Ar.co, em Lisboa, em 2009. Participou das residências artísticas Wiels Residency, em Bruxelas, em 2009 e Pivô Pesquisa, São Paulo, em 2016. Expôs em Portugal, no Brasil e no estrangeiro. É mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
Em diálogo com a mostra, o Paço das Artes realiza no dia 23.9, às 19h, a mesa-redonda sobre arte e arquitetura com Guilherme Wisnik, Jacopo Crivelli Visconti e Tiago Mestre no espaço expositivo. A mediação é de Priscila Arantes. Já no dia 7.10, às 15h, acontece uma visita guiada ao Museu Brasileiro de Esculturas (MuBE) e bate-papo com Cauê Alves, curador do MuBE, partindo da exposição de Tiago Mestre. Os eventos integram a programação da Temporada em debate, que promove até dezembro uma série de eventos relacionados às mostras dos demais selecionados para a Temporada de Projetos 2016 – Bruno Oliveira e Victor Tozarin, Grasiele Sousa e Marina Takami e José Viana (em colaboração com Camila Fialho).
Sobre a Temporada de Projetos
A vocação experimental do Paço das Artes é constatada, principalmente, por meio da Temporada de Projetos, criada com o objetivo de abrir espaço à produção, fomento e difusão da prática artística jovem. Concebida em 1996, a Temporada de Projetos teve sua primeira exposição realizada em 1997 e se tornou, ao longo dos anos, um rico celeiro para a cena da jovem arte contemporânea brasileira.
Anualmente, a Temporada abre uma convocatória nacional selecionando nove projetos artísticos e um projeto de curadoria para serem desenvolvidos e produzidos com o respaldo do Paço das Artes. Os selecionados recebem acompanhamento crítico, a publicação de um catálogo sobre suas obras e um cachê de exibição. Desde seu surgimento, quando ainda era bienal (tornou-se anual em 2009), o programa possibilita a emergência de inúmeros artistas, curadores e críticos, muitos deles atuantes na cena artística atual.