Data
29/04/2016 a 12/06/2016
Horários
terça a sexta das 10h às 21h, sábados das 10h às 22h; domingos e feriados das 11h Abertura: 28 de abril, às 19h
Entre os dias 29 de abril e 12 de junho, o MIS exibe a segunda exposição do programa Nova Fotografia 2016: Acasos |p|reparados, de Camila Picolo. O projeto é composto por 17 imagens feitas entre 2010 e 2015, nas cidades de São Paulo, Santos e Salvador.
Não raras algumas perguntas são colocadas quando uma fotografia nos surpreende: será que o fotógrafo teve a intenção de criar a imagem tal qual se vê agora? Será que o fotógrafo anteviu o resultado quando fez o disparo? Como será que ele conseguiu fazer isso? Será que a foto foi manipulada? Entre essas e muitas outras perguntas a serem feitas e debatidas, a discussão em torno da presença do acaso na fotografia parece que ainda foi pouco explorada e assumida como parte integrante da composição fotográfica.
Em algumas imagens ficam latentes a presença do acaso como fator determinante para o significado artístico, como por exemplo, a foto onde um pássaro em pleno voo aparece alinhado verticalmente entre um homem caminhando a beira-mar e outro voando em um paraglider. Nela, o encaixe fortuito só ocorreu, pois a fotógrafa avistou de longe a presença do pássaro, voando na mesma direção e linha de horizonte do paraglider. O acaso nessa situação foi preparado, pois coube a artista calcular e apostar na possibilidade do alinhamento desses signos. Em outras imagens, como nos eventos naturais do clima, a presença do acaso é sutil, porém, não menos determinantes. Dois exemplos são o registro de quatro raios sobre a cidade em uma sincronicidade de formas e tempo, e outra imagem que mostra uma fração do sol aparecendo sobre a cidade após uma tempestade de verão, iluminando apenas alguns pontos da cidade.
Uma das maneiras de explicitar o acaso nesta série foi assumir diferentes meios contemporâneos de captação da imagem. As tecnologias digitais permitem a posse de câmeras fotográficas em tempo integral, seja com celulares ou câmera profissional, que propiciam um estado permanente de observação sobre o cotidiano, ampliando a realidade e possibilitando absorver, nas situações aparentemente corriqueiras, algo que extrapola os limites de seu aspecto de normalidade. Por isso, algumas fotografias presentes nesta seleção foram feitas com celular, o que implicou por vezes deixar em segundo plano a qualidade "fine-art". Assim, a seleção priorizou imagens que pudessem ser estímulos à discussão acerca do acaso, independentemente do tipo de equipamento usado na sua captura. O desejo é o de expor um olhar fotográfico informado pelo acaso, admitindo certa subversão do que se costuma considerar como “boa” fotografia.