MIS

Museu da Imagem e do Som

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Museu da Imagem e do Som

Memórias da Obsolescência

Durante a temporada de Memórias da Obsolescência no Paço das Artes, o auditório do Museu da Imagem e do Som receberá projeções de vídeos que integram a coleção da CIFO. Memórias da obsolescência: Projeções vai apresentar quatro sessões com exibições dos trabalhos de Chantal Akerman, Alexander Apóstol, Yaima Carrazana, Daniel González, David Lamelas, Muntean & Rosenblum, Claudio Perna e Lázaro Saavedra.

Data

14/12/2014 a 22/03/2014

Horários

Projeções no MIS: 14.12.14, domingo, às 19h; 20.12.14, sábado, às 15h; 05.02.15, quinta, às 19h; e 08.02.15, domingo, às 19h Exposição no Paço das Artes: terças a sextas, das 10h às 19h; sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h

Paço das Artes
Av. Universidade, 1 – Cidade Universitária, São Paulo – SP
www.pacodasartes.org.br

Sobre a organização

A CIFO é uma organização sem fins lucrativos fundada pela filantropa e empreendedora Ella Fontanals-Cisneros em 2002. Localizada em Miami, a Fundação nasceu com o objetivo de apoiar artistas que exploram novos caminhos na arte contemporânea e promover intercâmbios cultural e educacional. Com um acervo composto por obras em videoarte e fotografias de Abstração Geométrica e Contemporânea, a CIFO conta com um catálogo de artistas como Alejandro Otero, Bernd, Damian Ortega, Francys Alÿs, Geraldo de Barros, German Lorca, Grete Stern, Helio Oiticica, Hilla Becher, Jesus Soto, Lidy Prati, Lygia Clark, Lygia Pape, Mark Dion, Mira Schendel, Olafur Eliasson, Sophie Calle, Vik Muniz e Waldemar Cordeiro. 

O MIS apresenta Memórias da Obsolescência, exposição composta pela maior coleção de videoarte do mundo. O projeto, realizado em parceria com a CISMA Produções, reúne um conjunto de obras em vídeo da coleção Ella Fontanals-Cisneros ‒ da Fundação Cisneros Fontanals Art (CIFO) – e será abrigado no Paço das Artes, instituição irmã do MIS, situado em um prédio de arquitetura modernista em meio à Cidade Universitária.

Composta por trabalhos de 25 artistas, em sua maioria latino-americanos, Memórias da Obsolescência, com curadoria de Jesús Fuenmayor, diretor e curador-chefe da CIFO, apresenta seleção de vídeos pertencentes à CIFO, que conta com obras de Alexander Apóstol, Cao Fei, Francesca Woodman, Francis Alÿs, Leandro Katz, Magdalena Fernández, Marina Abramović, Miguel Ángel Ríos, Nicolás Robbio, Regina José Galindo, Regina Silveira, Song Dong, William Kentridge e Yoshua Okón, entre outros.

Durante a temporada de Memórias da Obsolescência no Paço das Artes, o auditório do MIS receberá projeções de vídeos que integram a coleção da CIFO. Memórias da obsolescência: Projeções vai apresentar quatro sessões com exibições dos trabalhos de Chantal Akerman, Alexander Apóstol, Yaima Carrazana, Daniel González, David Lamelas, Muntean & Rosenblum, Claudio Perna e Lázaro Saavedra.  As mostras ocorrerão nos meses de novembro e fevereiro. 

14 de dezembro, domingo
19h – todos os curtas
20h30 – vídeo da Chantal Akerman

20 de dezembro, sábado
13h – vídeo da Chantal Akerman
15h – todos os curtas

5 de fevereiro, quinta
19h – todos os curtas
20h30 – vídeo da Chantal Akerman

8 de fevereiro, domingo
19h – todos os curtas
20h30 – vídeo da Chantal Akerman

Memórias da obsolescência: Projeções 
 
Chantal Akerman (Bélgica, 1950)
D’Est, Bordering on Fiction [Do Leste, beirando a ficção], 1995, 107 min
Esta videoinstalação apresenta uma viagem da Alemanha até a antiga União Soviética – que acabava de se dissolver –, entre o final do verão e o final do inverno. A fluidez da narrativa é interrompida por segmentos das tomadas que compõem o vídeo e, no final, a linguagem cinematográfica é retomada. Dessa forma, a autora expõe os espectadores à desconstrução do processo de produção cinematográfica e se detém a contemplar, também, o processo de desconstrução de um momento sociopolítico que durou quase a metade do século 20.
 
Alexander Apóstol (Venezuela, 1969)
Avenida Libertador, 2006, 5 min
Neste vídeo em preto e branco de Alexander Apóstol, vários transexuais se apresentam – enquanto flertam com a câmera – com nomes de artistas emblemáticos da modernidade venezuelana, parados na avenida que dá nome à obra. Essa via, construída na década de 1950, é o símbolo dos sonhos de progresso de uma cidade que hoje se vê imersa em uma profunda polaridade política. A avenida divide, precisamente, o leste do oeste da cidade e, assim, divide também duas classes sociais e duas ideologias em conflito. Da mesma forma, os murais instalados nas duas paredes da avenida são, desde sempre, uma espécie de manifesto político de cada municipalidade. É isso que, de certa forma, os personagens do vídeo parodiam: o uso da arte como propaganda. Assim, estabelecem uma linha que reflete sobre as relações entre práticas artísticas, política e identidade.
 
Yaima Carrazana (Cuba, 1981)
Nail Polish Tutorials [Tutoriais para fazer as unhas], 2010, 24 min
Esta série de vídeos mudos ensina a fazer as unhas reproduzindo obras de vários dos artistas mais importantes do século 20. Inspirada nos milhares de tutoriais que circulam na internet – tanto por sua forma quanto por seu conteúdo – e que ensinam a fazer de tudo, a obra propõe uma aproximação à massificação da cultura e à mistura das preferências populares com as preferências da elite. Assim, também desmistifica a transmissão de conhecimento como uma capacidade de um círculo privilegiado e coloca em evidência a linha tênue que separa a arte da decoração e os usos pouco frequentes e tantas vezes kitsch que as obras canônicas acabam tendo. Por outro lado, se pensamos na proibição do uso da internet em Cuba, esta obra constitui também um ato de resistência.
 
Daniel González (Venezuela, 1934)
El Hombre como Fin [O homem como fim], 1968, 8 min 
El Hombre como Fin é um vídeo no qual dialogam, por contraste, imagens de processos industriais, paisagens urbanas e um tipo de homem-crisálida. No final da narrativa, o homem finalmente se liberta e dança. A partir dessa proposta, que combina artes visuais e performance, González toca em um dos pontos fundamentais na compreensão da modernidade como plano ontológico: a necessidade da supremacia do humano em relação à era da mecanização, a afirmação do indivíduo diante de uma época que o torna marginalizado e ultrapassado. A presença das mãos, imagem frequente no vídeo, é um sinal que, no mapa da obra, pode ser lido como um convite ao retorno a si mesmo, ao manual não como forma de trabalho, mas como identidade: a forma como nos fabricamos, nos fazemos e fabricamos e fazemos nossa própria realidade.

David Lamelas (Argentina, 1946)
Study of the Relationships between Inner and Outer Space [Estudo das relações entre espaço interno e externo], 1969, 19 min e 21 seg
Nesta obra filmada em 16mm e convertida para vídeo, David Lamelas analisa – com certo senso de humor – o ambiente de um espaço expositivo (levando em conta o arquitetônico, o social e o geográfico) e o compara à cidade que o rodeia, Londres. Para tal, ele utiliza imagens do interior e do exterior da galeria, assim como entrevistas com seis pedestres sobre a notícia mais importante daquele momento: a chegada do homem à Lua, em 1969. A partir disso, Lamelas comenta criticamente os mecanismos de relação propostos e exercidos pelas instituições artísticas entre o espaço próprio e as proximidades, o interno e o externo, e também a relação do público não especializado com aquilo que significa a galeria enquanto símbolo urbano e social.  
 
Muntean & Rosenblum (Áustria, 1962; Israel, 1962)
Disco, 2005, 5 min
Em Disco, uma funcionária de limpeza de uma discoteca vê ‒ enquanto recolhe os restos de lixo que ficaram da noite anterior ‒ os personagens de A balsa da Medusa, quadro de Géricault que serviu, no século 19, para denunciar o naufrágio do barco homônimo – os sobreviventes tiveram que comer os corpos de seus companheiros mortos –, notícia que foi ocultada pelo governo francês da época. O quadro, claro, chocou o público e as autoridades. A partir dessa homenagem, Muntean e Rosenblum encontram uma brecha para falar sobre a forma com que o terrível se intromete repentinamente no cotidiano, e também para nos mostrar a profunda solenidade que pode haver na catástrofe – a música de Händel contribui muito para isso – e a forma como a arte é capaz de encontrar a beleza trágica dos acontecimentos. Por outro lado, a discoteca (seu imaginário) como espaço de enunciação não é uma escolha qualquer: ali também sobrevivem os restos do catastrófico e, como Géricault, alguém surpreendentemente os encontra, alguém os traz à luz.
 
Claudio Perna (Itália ‒ Cuba, 1938-1997) 
La Cosa (Médanos) [A coisa (dunas)], 1972, 7 min
A geografia é mais que um espaço, mais que uma cartografia e uma delimitação; o espaço geográfico é um ser vivo onde qualquer coisa pode acontecer. Este vídeo nos mostra uma tela com um desenho geométrico abstrato – uma tela quadriculada, de autoria do artista venezuelano Eugenio Espinoza – que pessoas distintas vão movendo, sem rumo definido, sobre as dunas do Parque Nacional de Médanos de Coro, na Venezuela. Dessa forma, a obra nos fala, em primeiro lugar, da interação dos artistas com o geométrico e, em segundo, da transformação do espaço em gesto, em símbolo, quando interrompemos seu cotidiano ou quando nos damos conta de que, se o humano é um tipo de paisagem, a paisagem também tem certa humanidade, é um ser em si mesmo.
 
Lázaro Saavedra (Cuba, 1964) 
Relaciones profesionales [Relações profissionais], 2008, 44 seg
Em Relaciones profesionales, um curtíssimo vídeo em preto e branco, dois personagens – ambos interpretados pelo artista – encontram-se e conversam. Um deles pergunta ao outro se ele esteve em certas bienais e museus do mainstream da arte contemporânea. Diante da negativa do personagem que responde, o interrogador levanta-se e vai embora. Com isso – e fazendo uso de seu senso de humor característico, especialmente quando pensamos que o vídeo esteve na Bienal de Veneza –, Saavedra revela as relações de poder entre figuras ativas da esfera da cultura e a forma como os juízos de valor parecem se estabelecer não com base nas obras, discursos, propostas ou grupos, mas com base em um determinado status institucional.
 
Francesca Woodman (EUA, 1958-1981)
Selected Video Works [Vídeos selecionados], 2005, 13 min
Selected Video Works é uma exploração da dualidade ausência-presença que o corpo nos propõe, nesse caso, como veículo para falar da psique e o que há nela de memória e esquecimento, de desenhado e de apagado. Diante da câmera, o corpo se transforma em reprodução de si mesmo, em cópia. Um espectro, um rastro, uma impressão que chega aos espectadores para falar de um conflito tão profundamente humano, como o que se é e o que não se é, a realidade das coisas em si e sua aparência, a maneira como se mostram para nós, e também um questionamento sobre os conflitos e traumas da artista, que é quem se expõe, quem se deixa ver, quem é analisada diante do olhar impiedoso da lente.

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