Data
04/07/2023
Horários
19h
Ingresso
Gratuito (retirada com uma hora de antecedência na bilheteria do MIS)
A cada edição, o Ciclo de Cinema e Psicanálise apresenta um filme ndo Auditório MIS, seguido de debate mediado por Luciana Saddi, coordenadora de cinema e psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida.
Nessa edição do Ciclo de Cinema e Psicanálise, que acontece em parceria com a plataforma MUBI e a O2 Play, o MIS exibe o filme Close, dirigido pelo belga Lukas Dhonti. O longa-metragem recebeu o Grand Prix do Festival de Cannes em 2022 e representou a Bélgica na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2023. Após a sessão, a psicanalista Luciana Saddi conversa com o jornalista da Folha de S.Paulo Leonardo Sanches e a psicanalista Flávia Steuer.
Sobre o filme:
Close
(dir. Lukas Dhonti, Bélgica, 2022, 105 min, 12 anos)
Em “Close”, acompanhamos o desenrolar da amizade dos jovens personagens Léo e Remi, ambos com treze anos. Terna, intensa e íntima, a relação passa a incomodar os novos colegas de escola, até que o vínculo entre os garotos acaba sendo interrompido de forma inesperada.
O filme é composto por inúmeras cenas que retratam a amizade e o enorme esforço para inibir ou reprimir a ternura e o amor entre os meninos — sentimentos que aludem e transcendem a excitação e descoberta sexual concomitantemente. As cenas, muito bonitas e bem construídas, prescindem da palavra ou do diálogo, e podem ser consideradas como manifesto hipersensível, catálogo de emoções e descobertas que somente o convívio íntimo é capaz de revelar.
Sexualidade reprimida, homofobia e ternura confundida com fraqueza são algumas das consequências da sociedade patriarcal, que impõe padrões “machões” de comportamento a garotos – como a repressão ao sentir e ao chorar – e utiliza o bullying como meio de ganhar força e poder. A herança dessa forma de organização social, a lógica que impõe as reações violentas à ternura, capturada por cada um de nós, é nefasta para muitos jovens e suas famílias. Em “Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905)”, provavelmente o mais polêmico e atacado ensaio da psicanálise, Freud postula que, no desenvolvimento da libido, há uma fase homossexual universal da escolha de objeto – que pode ser reprimida ou não. Em um mundo mais sensível e respeitoso à singularidade de cada um e de cada experiência, o desfecho dos personagens poderia ter sido outro.
Sobre os debatedores:
Flávia Steuer é fonoaudióloga, psicanalista e mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC/SP. Membro Filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e membro do Departamento de Psicanálise do Sedes Sapientiae, ela coordena o Grupo de Trabalho e Pesquisa Faces do Traumático no mesmo departamento. Além disso, é supervisora do projeto Escuta Crusp e autora do capítulo “Falas e ecos do trauma” no livro “Testemunho e experiência traumática: trauma em tempos de catástrofe” (Editora Escuta). De 1995 a 2010, atuou como Supervisora Clínica e responsável pelo setor de voz da DERDIC-PUC/SP.
Leonardo Sanches é formado em Jornalismo pela PUC-SP, entrou na Folha como estagiário em 2015. Após passar pela Record, voltou em 2017 e, no jornal, integrou as equipes de redes sociais, F5 e Guia Folha até chegar à Ilustrada, onde hoje é responsável pela cobertura de cinema, TV e streaming. Como repórter do caderno, cobriu festivais nacionais e internacionais, como Gramado e Cannes, além da Mostra de Cinema de São Paulo. Tem pós-graduação em mídias digitais pela ESPM.
Sobre a mediadora:
Luciana Saddi é psicanalista e escritora, membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, mestre em Psicologia pela PUC-SP e diretora de cultura e comunidade da SBPSP (2017/2020). É autora de “Educação para a morte” (Ed. Patuá), coautora dos livros “Alcoolismo – série o que fazer?” (Ed. Blucher) e “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. Além disso, Saddi é fundadora do Grupo Corpo e Cultura e coordenadora do programa de cinema e psicanálise da diretoria de cultura e comunidade da SBPSP em parceria com o MIS e a Folha de S.Paulo.