Bruxas
Ciclo de Cinema e Psicanálise
15.07
TER
19H
Data
15.07
Horário
19h
Ingresso
Gratuito (retirada com uma hora de antecedência na bilheteria do MIS)
Local
Auditório MIS (172 lugares)
Classificação
12 anos
O Ciclo de Cinema e Psicanálise, programa mensal do MIS, é realizado em parceria com a Folha de S.Paulo e a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), e apresenta sempre um bate-papo após o filme, mediado por Luciana Saddi, coordenadora do Programa de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura da SBPSP. A temporada de 2025 do Ciclo tem parceria com a O2 Filmes, e a transmissão ao vivo do bate-papo pode ser vista no canal oficial do MIS no YouTube.
A edição de julho, em parceria com a plataforma MUBI, traz o documentário “Bruxas”, seguido de uma conversa com a jornalista Anna Virginia Baloussier e a psicóloga Any Trajber Waisbich.
Sobre o filme
Bruxas
(Witches, dir. Elizabeth Sankey, Reino Unido, 2024, 90 min, digital)
O documentário mergulha nas conexões inesperadas, porém poderosas, entre a saúde mental pós-parto e a representação das bruxas na história e na cultura popular ocidental. Através de uma análise profunda, o filme explora como as bruxas, como figuras de marginalização e poder, têm sido associadas a temas como a depressão pós-parto, criando um paralelo entre a experiência feminina e as narrativas históricas e cinematográficas. Utilizando imagens icônicas do cinema e depoimentos pessoais, “Bruxas” investiga como as representações de mulheres “fora do controle” nas telas refletem as lutas internas e invisíveis vividas por muitas mulheres após o parto, desafiando estigmas e reimaginando o poder feminino.
Sobre as convidadas
Any Trajber Waisbich é psicóloga pela PUC-SP e membro efetivo da SBPSP. Coordena seminários temáticos no Instituto Durval Marcondes da SBPSP. Desenvolve atendimento grupal institucional junto à DAC (Diretoria de Atendimento à Comunidade) desde 2018. É professora de teoria grupal e supervisora de análise de grupo junto ao CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos) desde 2020. Realiza atendimentos individuais e para casais em consultório particular desde 1987.
Anna Virginia Balloussier é repórter na Folha de S.Paulo desde 2010. Passando por diversas editorias, hoje se dedica a religião, política, eleições e direitos humanos. De 2013 a 2014, assinou o blog Religiosamente. Em 2016, foi correspondente do jornal em Nova York. É autora dos livros “O púlpito – Fé, poder e o Brasil dos evangélicos” (Todavia) e “Talvez ela não precise de mim: diários de uma mãe em quarentena” (Todavia).
Sobre a mediadora
Luciana Saddi é psicanalista e escritora. É membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) e docente do Instituto Durval Marcondes. É mestre em psicologia pela PUC-SP, autora de “Educação para a Morte” (Ed. Patuá) e coautora dos livros “Alcoolismo – série o que fazer?” (Ed. Blucher) e “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. É fundadora do Grupo Corpo e Cultura e coordenadora do Programa de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da SBPSP em Parceria com o MIS e a Folha de S.Paulo. É professora da Casa do Saber e do Instituto ESPE (Ensino Superior em Psicologia e Educação).
“Bruxas”, por Luciana Saddi
O documentário “Bruxas”, de Elizabeth Sankey, expõe as conexões entre saúde mental pós-parto e representações tradicionais de feiticeiras registradas na cultura popular. Destacam-se cenas extraídas de filmes consagrados e imagens icônicas permeadas pelos depoimentos contundentes de mulheres que precisaram de tratamento psiquiátrico e psicológico após o nascimento dos filhos.
Depressão e psicose puerperal são tabus pouco retratados em obras cinematográficas ou literárias. Os sofrimentos das recém mães são envoltos em interdições e silenciamento. A maternidade como ápice da experiência de ser mulher é mais um mito questionado com crueza por Elizabeth Sankey a partir de vivências pessoais e dolorosas após dar à luz. A associação da própria história com a da bruxaria no imaginário ocidental cria uma narrativa íntima e universal a um só tempo. Um problema atual ilumina o passado e lança luz sobre o presente.
“Bruxas” tem uma concepção estética atraente, de beleza extraordinária e cenários evocativos do macabro, favoráveis à expressão dos estados emocionais das depoentes. Observa-se a sororidade entre mulheres em oposição à forma como a sociedade as enxerga. Loucas, fora do controle e marginais, bruxas adquirem voz no desenrolar da trama, que narra desde a opressão ao longo da história até o reconhecimento de estados mentais que precisam de tratamento.
Todas as escolas psicanalíticas trataram do tema mãe/bebê das mais diversas formas. A maternidade é um campo altamente explorado pela psicanálise que, em geral, se manifesta ao descontruir mitos e validar sofrimentos abafados. Já a fraternidade é um campo menos investigado pelos psicanalistas, mas nem por isso menos importante, como o documentário “Bruxas” atesta.
