Data
16/09/2014 a 09/11/2014
Horários
Terças a sextas, das 11h às 21h; sábados, das 9h às 23h; domingos e feriados, das 9h às 20h
O MIS apresenta a exposição Conversas de Graciliano Ramos, com curadoria da produtora cultural Selma Caetano e pesquisa de Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla.
A mostra, que privilegia os depoimentos e entrevistas que Graciliano Ramos deixou registrados de 1911 a 1953, revela a trajetória de um escritor que nunca se omitiu e que opinou sobre todos os assuntos prementes da época: política, os desníveis sociais e econômicos do povo, o cangaço, o comunismo, o capitalismo, o modernismo, a literatura e as artes.
Corrobora o acerto dessa linha de curadoria o longo depoimento da filha de Graciliano Ramos, Luiza Ramos Amado, captado pela equipe da produtora Imagem Vídeo para a exposição. Neste rico e interessante depoimento Luiza diz: “Nunca vi meu pai calado, estava sempre conversando, na rua, em casa, no almoço, no jantar, com a família, com os amigos. No interior de Alagoas, na casa de meu avô Sebastião, era a mesma coisa. Mesa enorme, cheia de gente, todos conversando”.
Totalmente audiovisual, Conversas de Graciliano Ramos apresenta 12 peças audiovisuais produzidas especialmente para o MIS.
Quatro vídeos cronológicos descrevem períodos marcantes da vida de Graciliano Ramos: 1892/1926; 1927/1935; 1936/1944; 1945/1953; a amizade de Graciliano com Portinari é representada em outro vídeo; assim como o capítulo “Baleia”, de Vidas secas; e a emblemática frase “A palavra foi feita para dizer”. Todos os vídeos dirigidos e produzidos pela produtora Imagem Vídeo.
Em outra peça audiovisual, o crítico literário e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Lourival Holanda, explica os manuscritos de Graciliano Ramos. Com este depoimento, Walter Craveiro apresenta, nos próprios manuscritos, a peleja travada pelo escritor com a linguagem.
Um gostoso bate-papo entre o jornalista da GloboNews, Edney Silvestre, e Graciliano Ramos, interpretado pelo ator Marat Descartes, traz ao público as conversas do escritor com a imprensa nacional e internacional, de 1910 a 1952. Este vídeo, produzido pela GloboNews, foi escrito especialmente para a exposição pela curadora Selma Caetano, a partir do livro Conversas, organizado por Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla, que será lançado no dia 22 de setembro, no MIS.
Depoimentos de várias personalidades completa a mostra audiovisual. Entre eles, Alcides Villaça, Antonio Carlos Secchin, Luiz Costa Lima, Luiz Ruffato, Luiza Ramos Amado, Ricardo Ramos Filho, Marçal Aquino, Marcelino Freire, Maria Rita Kehl, Nuno Ramos, Silviano Santiago, e outros, somando 20 depoimentos que estarão em um monitor com tela touch screen, com legenda para escolha do depoimento a assistir.
O vídeoartista Eder Santos apresenta sua interpretação da frase do livro Infância: Na escuridão percebi o valor enorme das palavras. O filme será projetado em uma tela de pano por um projetor especial, capaz de trabalhar transparências.
A exposição apresenta também objetos e documentos originais. Os documentos são oriundos de duas cidades alagoanas: Palmeira dos Índios (Museu Casa Graciliano Ramos) e Maceió (Arquivo Público de Alagoas), além de contar com o acervo da família. Entre os documentos e objetos cedidos pela família estão o manuscrito da carta que Graciliano escreveu a Getúlio Vargas, após sua saída da prisão em 1937, documento nunca apresentado ao público; o datiloscrito assinado dos relatórios entregues ao governador de Alagoas quando era prefeito de Palmeira dos Índios, em Alagoas (1927 a 1930), documento importante que deu notoriedade intelectual a Graciliano; os manuscritos da composição do livro Infância, entre vários outros.
Por fim, uma instalação cenográfica recria o escritório e a sala de leitura do escritor, trazendo a público a poltrona de descanso do escritor (sempre vista nas fotos, principalmente quando muito doente, no final da vida), a mesa de trabalho quando prefeito de Palmeira dos Índios, a máquina de escrever, canetas de pena e o tinteiro, entre outros objetos e móveis.
Sobre Graciliano Ramos
Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu na cidade de Quebrangulo, Alagoas, foi romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista. É autor de livros clássicos como Vidas secas, São Bernardo e Memórias do cárcere, os três foram adaptados para o cinema, e diversas obras de Graciliano foram traduzidas para outras línguas. Seus livros, embora tratem de problemas sociais do Nordeste brasileiro, apresentam uma visão crítica das relações humanas, que os tornaram de interesse universal.
Sobre a curadora
Selma Caetano é curadora e produtora cultural. Entre seus projetos estão a curadoria do Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, do II Seminário Internacional de Crítica Literária, do Itaú Cultural, e a idealização e curadoria do Instituto Cultural Carrefour. É organizadora, junto com José Castello, de O livro das palavras, conversas com escritores, da Editora Leya.