MIS

Museu da Imagem e do Som

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Museu da Imagem e do Som

No dia 26 de agosto, o MIS inaugura mais uma exposição do Nova Fotografia, projeto anual do Museu que seleciona, através de convocatória aberta ao público, seis novos fotógrafos para uma exposição individual no Museu. A seleção fica a cargo do Núcleo de Programação, com supervisão e coordenação da curadoria geral do MIS. São selecionadas séries fotográficas inéditas, de profissionais que se destacam por sua originalidade técnica e estética. Após o período em exposição, as séries escolhidas passam a integrar o acervo do MIS. O próximo projeto a entrar em cartaz a série “Cidade que des(en)volvemos”, do fotógrafo Manoel Almeida

Sobre o projeto 

Como apontado por Milton Santos, o espaço criado por uma sociedade não é apenas estático, mas sim uma construção social mutável, permeada por contradições e desigualdades. Através de processos históricos e vida contemporânea, esse espaço é desenvolvido por meio de uma acumulação das escolhas e envolvimento humano, combinados de tal forma que as cidades, segundo Henri Lefebvre, tornaram-se o reflexo da sociedade sobre o terreno que funciona como um influenciador do processo de desenvolvimento de seus criadores através da paisagem que os envolve. 

Apesar de muitos desses processos, privilégios, desafios e lutas socioeconômicas serem amplamente documentados e noticiados, os humanos lidam com o peso psicológico dessa influência através da autoalienação em relação ao espaço que os cerca. Renegam o envolvimento utilizando uma falsa ilusão de distância das questões urbanas, justificada através de uma disposição para mudança coberta de “falta de poder” individual.  

Esse comportamento, utilizado como “tática de sobrevivência”, não impede que os efeitos positivos e negativos se reverberem socialmente – através da paisagem, relações, sons, serviços, oportunidades, cultura, trocas etc –, envolvendo e afogando os alienados, causando reações silenciosas na forma de pensamento e emoções, manifestados através de músicas, comportamentos, olhares cansados, risos, silêncio, dessensibilização. 

Nesse contexto, nasceu “Cidade que des(en)volvemos”, exposição inspirada na expressão “relação de amor e ódio”, bastante utilizada para descrever como os cidadãos se sentem sobre São Paulo. A obra é descendente de um projeto maior, onde artista explora a urbe para entender e documentar “contos de concreto e carne”, reflexos e percepções do ambiente como influenciador, buscando as mensagens e símbolos das percepções humanas, que se manifestam silenciosamente por meio de sentimentos e pensamentos, agindo emocionalmente sobre os indivíduos. A experiência audiovisual proposta busca provocar diretamente os escritores dos contos: o humano que fornece a tinta cinza, que desenvolve as linhas da história e a cidade, que, como papel iluminado pelos postes das ruas, reflete a concretude da realidade resultante, envolvendo e apertando a fonte de tinta. 

Sobre o artista 

Manoel Almeida é engenheiro florestal, criado entre os seis mil habitantes de uma pequena cidade. Vive em São Paulo desde 2023. Há dez anos, fotografa o que vive, como terapia e como forma de comunicação para combater o esquecimento e processar sentimentos, experiências e descobertas. Prefere abordar o mundo de forma documental e compartilhada, mas às vezes se deixa levar pelo abstrato e pelas percepções individuais. Zineiro, publicou o livro “Os dias eram assim”, pela Editora Origem, e já foi jurado (2022/23) e vencedor (2021) do Prêmio DocF, concurso de Fotografia Documental de Família. 

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