Babygirl
Ciclo de Cinema e Psicanálise
10.06
JUN
19H
Data
10.06
Horário
19h
Ingresso
Gratuito (retirada com uma hora de antecedência na bilheteria do MIS)
Local
Auditório MIS (172 lugares)
Classificação
16 anos
O Ciclo de Cinema e Psicanálise exibe, em junho, o longa-metragem “Babygirl”, em parceria com a distribuidora Diamond Films. O filme traz mais uma interpretação visceral e de dedicação completa de Nicole Kidman, que a confirma como uma das melhores atrizes de seu tempo, rendendo-lhe o prêmio Coppa Volpi de Melhor Atriz no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2024. Após a sessão, será realizado um debate com a participação do psicanalista Alberto Moniz da Rocha Barros Neto e da crítica Paula Jacob, e mediação de Luciana Saddi.
O programa mensal do MIS é realizado em parceria com a Folha de S.Paulo e a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), e apresenta sempre um bate-papo após o filme, mediado por Luciana Saddi, coordenadora do Programa de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura da SBPSP. A temporada de 2025 do Ciclo tem parceria com a O2 Filmes, e a transmissão ao vivo do bate-papo pode ser vista no canal oficial do MIS no YouTube.
“Babygirl”
(dir. Halina Reijn, EUA, 2024, 114 min, 16 anos, digital)
A trama segue Romy Mathis (Nicole Kidman), CEO de sucesso em Nova York, cuja vida pessoal e profissional entra em colapso após conhecer Samuel (Harris Dickinson), um jovem estagiário. A relação entre eles explora complexas dinâmicas de poder, desejo e vulnerabilidade, levando Romy a questionar suas escolhas e a enfrentar as consequências de seus atos.
Sobre o convidado
Alberto Moniz da Rocha Barros Neto é bacharel e doutor em filosofia pela USP e membro filiado à Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).
Paula Jacob é crítica, professora e pesquisadora especializada em cinema e literatura.
Sobre a mediadora
Luciana Saddi é psicanalista e escritora, membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), mestre em psicologia pela PUC-SP e diretora de cultura e comunidade da SBPSP (2017-2020). É autora de “Educação para a morte” (Ed. Patuá), coautora dos livros “Alcoolismo – série o que fazer?” (Ed. Blucher) e “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. Além disso, Saddi é fundadora do Grupo Corpo e Cultura e coordenadora do Programa de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da SBPSP em parceria com o MIS e a Folha de S.Paulo.
“Babygirl” por Luciana Saddi
“Em “Babygirl”, de Halina Reijn, Nicole Kidman dá vida a Romy, uma executiva de sucesso que conquistou o posto de CEO com muita dedicação. O mesmo desvelo é aplicado à família e ao casamento com Jacob (Antonio Banderas), diretor de teatro renomado. Apesar da independência, de ter uma carreira bem-sucedida, comandar uma empresa e ser amada e desejada pelo marido, Romy é sexualmente inibida e insatisfeita, incapaz de compartilhar com o marido os mais profundos desejos e fantasias sexuais, até que conhece o estagiário Samuel (Harris Dickinson) e se permite viver um caso tórrido.
Romy, conduzida pelas mãos experientes do amante, se excita com a oportunidade de viver fantasias sexuais de submissão e dominação. O leve sadomasoquismo moral e erótico que permeia a trama faz lembrar que a sexualidade tem seus próprios desígnios, diferentes daqueles que nos guiam em nosso dia a dia. O que vale na cama fica restrito ao sexo, como no caso da personagem de Nicole Kidman, que não abdica de autonomia e nem se submete ao amante fora do quarto, ou se infiltra à personalidade, configurando-se em caráter.
Nesse contexto, a película é provocadora, questionando o limite erótico e sexual dos casamentos. Afinal, a personagem aparenta jamais ter sido livre sexualmente com o marido. Seria esse um dos problemas do casamento que levam tantos à vida dupla? Por que é mais fácil acessar com amantes aspectos selvagens da sexualidade, que contrastam com o bom comportamento esperado de uma mulher, profissional responsável, mãe de duas filhas? Se não fosse por Samuel, que brincava e jogava com elementos sadomasoquistas, Romy teria acesso e viveria essas fantasias? Ainda que seja razoável admitir, como disse Freud (“Introdução ao narcisismo”, 1914), que a paixão submete, permanece a questão relativa à submissão sexual da protagonista: o propalado masoquismo feminino seria então apenas fantasia erótica dos homens?
A sexualidade humana é um espaço infinito de possibilidades a serem exploradas. “Babygirl”, ainda que timidamente, faz uma pequena incursão neste vasto território fascinante, ameaçador e excitante.”
