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Museu da Imagem e do Som

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Ciclo de Cinema e Psicanálise | Cafarnaum

A última edição de 2019 encerra o módulo Mal-estar na civilização e infância.

Data

10/12/2019

Horários

Terça, às 19h

Ingresso

Gratuito | Retirada 1h antes na recepção

Em dezembro, o Ciclo de Cinema e Psicanálise do MIS encerra o módulo Mal-estar na civilização e infância. No dia 10, acontece exibição do longa Cafarnaum, da cineasta libanesa Nadine Labaki, longa vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes de 2018. A sessão será seguida por bate-papo com o psicanalista Luiz Meyer e a artista visual e cineasta Cassiana Der Haroutiounian. A diretora de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), Luciana Saddi, mediará a conversa.

O programa, que acontece mensalmente no Museu, é uma parceria com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e apoio da Folha de S.Paulo. A sessão tem entrada gratuita e acontece às 19h no Auditório MIS (172 lugares) – retirada de ingresso com 1h de antecedência na recepção.

Sobre o filme | Cafarnaum (dir. Nadine Labaki, Líbano/França 2018, 126min, drama, digital, 16 anos)

Aos doze anos, Zain (Zain Al Rafeea) carrega uma série de responsabilidades: é ele quem cuida de seus irmãos no cortiço em que vive junto com os pais, que estão sempre ausentes graças ao trabalho em uma mercearia. Quando sua irmã de onze anos é forçada a se casar com um homem mais velho, o menino fica extremamente revoltado e decide deixar a família. Ele passa a viver nas ruas junto aos refugiados e outras crianças que, diferentemente dele, não chegaram lá por conta própria.

Nadine Labaki é diretora do filme Cafarnaum – nome de uma cidade bíblica amaldiçoada por Jesus, depois que seus habitantes se afastaram do profeta.  O filme explora de maneira tocante a miséria material e psíquica que cerca os homens. “Cafarnaum poderia ser o título de um conto de Dickens, um filme como Cidade de Deus, de Fernando Meirelles ou ainda, retrato do desamparo e violência para as populações que vivem em condições de vulnerabilidade extrema. O filme é tudo isso, embora transcenda essa condição ao expor o amor, a lealdade, o senso de justiça e a visão de mundo do personagem principal, uma criança abusada e maltratada pelos pais. O sensacional ator, Zain Al Rafeea”, analisa Luciana Saddi.

Para Freud, em O mal-estar na civilização (1929), o amor é fonte propulsora da civilização. O amor se opõe a barbárie e freia a crueldade, é força de ligação, conforma os laços de parentesco e os laços sociais. Sabemos, como psicanalistas, que em certas condições – loucura, miséria, guerra, terror – os contratos sociais e os laços afetivos se desfazem. No entanto, Nadine Labaki acredita que as crianças, mesmo vivendo em condições extremas de privação, representam o sustentáculo civilizatório, afinal, em seu filme, são elas que lutam pela continuidade da civilização e clamam por justiça.

Sobre os convidados

Luiz Meyer é Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanalise de São Paulo e professor do seu Instituto. Autor dos livros: Família: Dinâmica e Terapia – Uma abordagem psicanalítica; Rumor na Escuta: ensaios de psicanalise; Réu Confesso: poemas reunidos e Navegação Inquieta: ensaios de psicanálise (no prelo).

Cassiana Der Haroutiounian é artista visual, fotógrafa e cineasta. Foi editora de fotografia da revista Serafina por seis anos e atualmente edita o blog Entretempos, publicado pela Folha.

Sobre o Ciclo de Cinema e Psicanálise

A cada edição o ciclo traz um filme em longa-metragem (ficcional ou documental) seguido de debate com um jornalista e um psicanalista convidado. Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. A temporada 2019 está dividida em cinco temas, exibindo dois filmes de cada, sendo eles: Sexualidade, Violência, Poder, Religião e Infância. O ciclo pretende discutir, à luz da Psicanálise, algumas questões suscitadas por obras do cinema moderno e contemporâneo, e proporcionar também formas transdisciplinares de compreensão. O tema, que norteia os debates e a seleção dos filmes, surgiu a partir do ensaio O mal-estar na civilização (1929), escrito por Freud. Neste, o psicanalista afirmava que o progresso civilizatório e tecnológico cobrava elevado preço do indivíduo. Exigia renunciar à agressividade e à sexualidade – como esforço necessário ao desenvolvimento civilizador. Por consequência, o homem se tornava refém do sentimento de culpa inconsciente e de constante mal-estar, ambos impeditivos da fruição da felicidade.

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