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Museu da Imagem e do Som

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Ciclo de Cinema e Psicanálise | Não mexa com ela

O projeto exibe o longa da diretora israelense.

Data

10/03/2020

Horários

Terça, às 19h

Ingresso

Gratuito | Retirada 1h antes na recepção

No dia 10 de março o MIS exibe Não mexe com ela, filme da diretora israelense Michal Aviad. A sessão acontece dentro do Ciclo de Cinema e Psicanálise: mal-estar na civilização e formas contemporâneas de sofrimento seguida por debate com a psicanalista Ludmila Frateschi e Manoela Miklos, co-editora do blog #AgoraÉQueSãoElas, hospedado na Folha. A diretora de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), Luciana Saddi, mediará a conversa. O Ciclo de Cinema e Psicanálise é uma parceria com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e tem apoio da Folha de S.Paulo.

Em Não mexa com ela/Isha Ovedet (Dir. Michal Aviad, Israel, 2018, 1h32, drama, digital) Orna (Liron Ben Shlush) é mãe de três filhos pequenos e está passando por dificuldades financeiras, com o restaurante do seu marido quase sem dar lucro. Quando ela consegue um emprego de assistente em uma luxuosa imobiliária, parece que sua sorte vai mudar, mas conforme ela cresce dentro da empresa ela se torna alvo de assédio de seu chefe, Benny (Menashe Noy), que faz desde comentários sobre sua roupa e cabelo até agressivas sugestões.

“É comum que mesmo as mulheres mais empoderadas não consigam reagir ao ataque, abuso sexual ou estupro. Paralisadas pelo medo se congelam, fogem em pensamento – incapazes de entender a violência da qual são vítimas. Esperam passivamente a agressão terminar. Parecem submissas. Seria essa uma estratégia de defesa usada desde os tempos imemoriais? E o que dizer de suas negativas, que jamais são escutadas pelos homens que recusam o não como resposta?”, diz Luciana Saddi.  “Em O mal-estar na civilização (1929) Freud nos alertara para a bestialidade humana. Ele dizia que seres humanos não são criaturas gentis que apenas reagem agressivamente quando ameaçados. Assédio, estupro e outras formas de abuso e agressão nas relações de trabalho evidenciam a tese freudiana em que o progresso social ou tecnológico é antitético, inevitavelmente, surgem novos problemas até dos mais almejados ganhos sociais. É verdade que s sociedade patriarcal pune as mulheres que se recusam a trocar sexo por dinheiro ou prestigio. No entanto, hoje, mulheres já podem partir para a luta”, completa.

Sobre as convidadas

Ludmila Frateschi é psicóloga formada pela Universidade de São Paulo, fez o curso de psicanálise do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e hoje é membro filiado do Instituto Durval Marcondes (Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo). Atua como psicanalista no consultório e em instituições. É coautora dos capítulos Psicanálise e Escuta do paciente, compreensão e autorreflexão, do livro Clínica Psiquiátrica (Manole, 2019) e autora do capítulo Sejamos Mulheres do livro A tela do feminino ao feminismo, da Coleção Cinema e Psicanálise (Inverso, 2019). É também uma das coordenadoras do Observatório Psicanalítico da Febrapsi.

Manoela Miklos é doutora em relações internacionais pelo programa San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP) e assistente especial do Programa para a América Latina da Open Society Foundations. É co-editora do blog #AgoraÉQueSãoElas, hospedado na Folha.

Sobre o Ciclo de Cinema e Psicanálise

A cada edição o ciclo traz um filme em longa-metragem (ficcional ou documental) seguido de debate com um jornalista e um psicanalista convidado. Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. O ciclo pretende discutir, à luz da Psicanálise, algumas questões suscitadas por obras do cinema moderno e contemporâneo, e proporcionar também formas transdisciplinares de compreensão. O tema, que norteia os debates e a seleção dos filmes, surgiu a partir do ensaio O mal-estar na civilização (1929), escrito por Freud. Neste, o psicanalista afirmava que o progresso civilizatório e tecnológico cobrava elevado preço do indivíduo. Exigia renunciar à agressividade e à sexualidade – como esforço necessário ao desenvolvimento civilizador. Por consequência, o homem se tornava refém do sentimento de culpa inconsciente e de constante mal-estar, ambos impeditivos da fruição da felicidade.

O entrelaçamento entre expressões culturais, sofrimentos individuais, manifestações sociais e produções artísticas merece investigação dos psicanalistas. De quais maneiras o mal-estar e o sofrimento estão presentes no homem, nas artes e na sociedade neste início de século XXI?

Governo do Estado de SP