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#MISemCASA | Ciclo de Cinema e Psicanálise | 22 de julho

Nesta edição, o psicanalista Roosevelt M.S. Cassorla  e o jornalista André Forastieri, mediados por Luciana Saddi, debatem o filme “22 de julho”

Data

09/11/2021

Horários

20h 

Ingresso

Gratuito on-line

Com interpretação em Libras 

A cada edição o Ciclo de Cinema e Psicanálise traz debate sobre um filme mediado por Luciana Saddi, coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. Na temporada #MISemCASA, as edições são quinzenais, e o público pode assistir ao filme antecipadamente em plataformas de streaming. 

Nesta edição, o psicanalista Roosevelt M.S. Cassorla  e o jornalista André Forastieri, mediados por Luciana Saddi, debatem o filme “22 de julho” (dir. Paul Greengrass, EUA; Islândia; Noruega, 2018, 143 min, 16 anos, disponível no Netflix), centrado num atentado anti-islâmico que aconteceu na Noruega. O filme permite falar sobre destrutividade, ódio e pulsão de morte, além de discutir o conceito de regime do atentado, criado pelo psicanalista Fabio Herrmann, e a personalidade do extremista que busca visibilidade para a causa e para si. 

Assista no canal do MIS no YouTube.

Sobre os debatedores

Roosevelt M.S. Cassorla é analista didata das Sociedades Brasileiras de Psicanálise de São Paulo e de Campinas. Professor Titular pelo Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Unicamp. Foi membro do Conselho Editorial do “International Journal of Psychoanalyis” e é colaborador do Dicionário Enciclopédico da “International Psychoanalytic Association”. Publicou sete livros, sendo o último “Estudos sobre suicídio: psicanálise e saúde mental” (Editora Blucher). É autor de trabalhos em psicanálise clínica, psicanálise aplicada e psicologia médica. Recebeu o Sigourney Award for Outstanding Achievement in Psychoanalysis, 2017, pelo conjunto de suas contribuições à psicanálise. 

André Forastieri é jornalista, empreendedor e crítico de cinema brasileiro. Trabalhou como repórter e editor na Folha de S.Paulo. Na Editora Abril, foi editor-chefe das revistas Bizz (Música) e SET (Cinema). Entre 1993 e 2006 fundou quatro empresas: Editora Acme, Conrad Editora, Pixel Media e Futuro Comunicação. Publicou fenômenos de venda como Calvin e Haroldo, Dragon Ball, Minecraft, Pokémon, Star Wars e a revista Herói, além de autores cultuados como Neil Gaiman, John Reed e Robert Crumb. Entre 2008 e 2017, publicou mais de mil artigos em seu blog André Forastieri, alcançando mais de 12 milhões de visualizações. Em 2016, lançou seu primeiro livro, “O dia em que o rock morreu”. Entre 2014 e 2017 foi diretor de novos negócios da Record Hub, o núcleo de Estratégia Multiplataforma da TV Record. É professor de inovação, com cursos na Trevisan Escola de Negócios, Casa Educação e TD.com. É um dos jurados do Acelera Fiesp, o maior evento de aceleração de start-ups do Brasil. Desde 2018, presta serviços de mentoria para profissionais e de consultoria para organizações, facilitando a Transformação Digital (incluindo LinkedIn), com foco especial no segmento 50+. É um dos dez brasileiros mais influentes do LinkedIn, onde já tem mais de 500 mil seguidores, e foi escolhido pelo LinkedIn como uma das Top Voices 2018. 

Sobre a mediadora 

Luciana Saddi é psicanalista e escritora. É membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, mestre em Psicologia pela PUCSP e diretora de Cultura e Comunidade da SBPSP (2017/2020). É autora de “Educação para a morte” (Ed. Patuá), coautora dos livros “Alcoolismo – série o que fazer?” (Ed. Blucher) e “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. É fundadora do Grupo Corpo e Cultura e coordenadora do programa de cinema e psicanálise da diretoria de cultura e comunidade da SBPSP em parceria com o MIS e a Folha de S.Paulo. 

Sobre o filme

“22 de julho” (dir. Paul Greengrass, EUA; Islândia/Noruega, 2018, 143 min, 16 anos, disponível no Netflix) 

Em 2011, na Noruega, Anders Behring Breivik, seguindo seus ideais fundamentalistas cristãos e anti-islâmicos, mata 75 pessoas a tiros em um acampamento na Ilha de Utoya. Após o atentado, os sobreviventes pedem justiça ao governo norueguês. Enquanto isso, os advogados do terrorista se mobilizam para defendê-lo.  

O filme, lançado em 2018, narra os atentados de 22 de julho de 2011, na Noruega, e a prisão e julgamento do fundamentalista Anders Behring Breivik, que planejou e executou os ataques. Foram duas ações consecutivas caracterizadas como assassinato em massa. Inicialmente há a explosão de um carro bomba no prédio do gabinete do primeiro ministro, em Oslo, quando oito pedestres morrem. Depois, Breivik, disfarçado de policial, invade a ilha de Utoya, onde acontecia tradicional acampamento de estudantes ligados ao Partido Trabalhista Norueguês, e mata a tiros mais 69 pessoas.  A maioria das vítimas eram jovens e crianças. As cenas do morticínio, principalmente as do acampamento, são dramáticas e de elevada tensão. A trama é bem construída e apresenta três linhas narrativas. A organização dos atentados. A família do jovem líder estudantil Viljar Hanssen, vítima de Breivik, que luta para se recuperar das sequelas físicas e psíquicas do ataque. O julgamento, quando a personalidade do terrorista é exposta e também o sistema de justiça norueguês, incluindo a difícil situação do advogado de defesa. O realismo é elemento importante da obra, adaptação do livro "One of Us", de Åsne Seierstad. O início do filme é bem impactante, composto por cenas chocantes e assustadoras, depois, quando muda de tom, não perde o interesse nem o suspense. As boas atuações conferem autenticidade a obra e o roteiro muito bem elaborado mantém o espectador atento até o final. 

Há várias formas de interpretar a situação apresentada pela obra.  Podemos centrar a leitura na personalidade do extremista fundamentalista que busca visibilidade para a causa e para si diante da situação econômica, social e política da Europa em crise com os refugiados. Nas sequelas traumáticas e no luto norueguês. Ou na crise da social democracia de países tão civilizados. Mais além pode-se falar da destrutividade, do ódio, até mesmo da pulsão de morte, ideias e formulações analisadas por Freud em tantos ensaios. 

E também, é possível pensar na questão do regime do atentado, conceito elaborado no início dos anos 80 pelo psicanalista Fabio Herrmann. Partindo do atentado perpetrado por Ali Agca ao Papa João Paulo II e das perguntas dirigidas ao secretário geral ao cair quando foi atingido: Por que eu? Por que o Papa? Herrmann explora a lógica do atentado para além da personalidade do terrorista e das motivações políticas. A partir de um evento particular constrói paradigma do atentado que pode estar presente em quantidades maiores ou menores em atentados terroristas propriamente ditos, ou lançamentos de campanhas publicitárias e até mesmo em pacotes econômicos lançados por Nações. 

A lógica do atentado está no ato coagulado. Com o mínimo dispêndio atingir o máximo de alvo. E por ser a expressão, paradoxal, da impotência do Homem na pós-modernidade. Homem que perdeu densidade, valor e importância frente aos Estados Nações e, principalmente, frente às corporações cada vez maiores e mais influentes, inclusive maiores e mais influentes que os Estados Nações. A resposta frente à impotência seria assegurar o mínimo de existência pela via da violência, do ato puro e do espetacular. Herrmann acreditava que cada vez mais a lógica do atentado, o regime do atentado, estaria presente em nossas vidas cotidianas como ações que se repetem ad infinitum, geralmente violentas, cuja finalidade é conferir algum volume a existências sem espessura ou importância. No regime do atentado rompe-se a cadeia ordenada dos atos individuais, perde-se seu valor representacional. Os atos se isolam, se invaginam, tornam-se puros. Atos puros. Deriva daí a psicose de ação, quadro clínico que inverte a tradição filosófica de entender as ações como decorrência dos pensamentos e que ilumina um modo prevalente de ser do homem contemporâneo e, consequentemente, gera psicopatologia correspondente. Nesses quadros, o ato e as ações, tomam o lugar do pensamento. São o próprio pensamento.    

SOBRE O #MISEMCASA
A campanha #MISemCASA traz conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. A ação acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Conheça a ação #culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

O MIS agradece aos patrocinadores e apoiadores da programação, que também apoiam a iniciativa digital #MISemCASA: Kapitalo Investimentos (patrocínio), Cielo (patrocínio), Vivo (patrocínio), TozziniFreire Advogados (apoio institucional), Bain & Company (apoio institucional) e Telhanorte (apoio operacional).

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