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#MISemCASA | Ciclo de Cinema e Psicanálise | Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou

Nesta edicação, o projeto recebe a psicanalista Silvana Rea e o crítico de cinema Inácio Araújo para falar sobre o filme “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou”.

Data

25/05/2021

Horários

20h, ao vivo

Ingresso

Gratuito – online

Com interpretação em Libras 

A cada edição o Ciclo de Cinema e Psicanálise traz debate sobre um filme mediado por Luciana Saddi, coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. Na temporada #MISemCASA, as edições são quinzenais, e o público pode assistir ao filme antecipadamente em plataformas de streaming. 

A segunda edição de maio integra o Babenco no MIS, especial que homenageia o cineasta que faria 75 anos em 2021, e recebe a psicanalista Silvana Rea e o crítico de cinema Inácio Araújo para falar sobre a premiada produção brasileira “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou” (dir. Bárbara Paz, Brasil, 2019, 75 min, 16 anos). O filme venceu o prêmio da crítica independente e o prêmio de melhor documentário do Festival de Veneza, além de ter representado o Brasil no Oscar 2021.

A produção pode ser assistida no Now, Looke, Microsoft Store, Apple iTunes e Google Play.  

Assista ao vivo no canal do MIS no YouTube.

Sobre os debatedores

Silvana Rea é membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, da qual foi diretora científica de 2017 a 2020. Foi editora da Revista Brasileira de Psicanálise e atualmente é editora pelo Brasil do Dossiê da Caliban, Revista Latino-Americana de Psicanálise. Mestre e Doutora em Psicologia da Arte pelo IP-USP, é autora dos livros “Transformatividade: aproximações entre psicanálise e artes plásticas” e “Pelos poros do mundo”. 

Inácio Araujo é crítico de cinema e escritor. Já foi montador de 13 filmes de longa-metragem, roteirista de seis filmes e autor do curta “Uma aula de sanfona”. Como ficcionista publicou o romance “Casa de meninas” em 1987, recebendo, no mesmo ano, o prêmio de autor revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte. Depois, escreveu o romance juvenil “Uma chance na vida”, de 1989. Mais recentemente voltou à ficção com os contos de “Urgentes preparativos para o fim do mundo” (ed. Iluminuras). Foi jornalista do Jornal da Tarde no final dos anos 1960, antes de trabalhar com cinema; retornou ao jornalismo em 1983, na Folha de S.Paulo, onde ainda hoje escreve sobre cinema. 

Sobre o filme

Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou  (dir. Bárbara Paz, Brasil, documentário, 2019, 75 min. 16 anos)  

“Eu já vivi minha morte, agora só falta fazer um filme sobre ela” – disse o cineasta Hector Babenco a Bárbara Paz ao perceber que não lhe restava muito tempo de vida. Ela aceitou a missão e realizou o último desejo do companheiro: ser protagonista de sua própria morte. Nessa imersão amorosa na vida do cineasta, ele se desnuda, consciente, em situações íntimas e dolorosas. Revela medos e ansiedades, mas também memórias, reflexões e fabulações, num confronto entre vigor intelectual e fragilidade física que marcou sua vida. Do primeiro câncer, aos 38, até a morte, aos 70 anos, Babenco fez do cinema remédio e alimento para continuar vivendo. Este é o primeiro filme de Bárbara Paz mas, também, de certa forma, a última obra de Hector – um filme sobre filmar para não morrer jamais. 

O argentino Hector Babenco talvez seja o mais premiado e um dos mais reconhecidos diretores do cinema brasileiro. Dirigiu filmes que exigem estômago forte e coração sensível. Autor de uma das inesquecíveis cenas do cinema, aquela em que Marilia Pera amamenta Pixote – fusão de desamparo e loucura, abandono e falta, violência e carinho, repugnância e ternura, miséria e amor. “Pixote”, em 1980, foi indicado ao Globo de Ouro como melhor filme estrangeiroPauline Kael (The New Yorker), impressionada, escreveu: "As imagens de Babenco são realistas, mas o seu ponto de vista é chocantemente lírico. Escritores sul-americanos como Gabriel Garcia Marquez parecem ter um perfeito e poético controle da loucura, e Babenco também tem este dom". Em 1985 estreou no Festival de Cannes com “O beijo da mulher aranha”, indicado à Palma de Ouro. Willian Hurt (como Luis Molina) ganhou o prêmio de melhor interpretação masculina. Também foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Hurt ainda venceu o Oscar e o BAFTA de melhor Ator.  

É imperativo relembrar algo do cinema de Hector Babenco para ressaltar o enorme desafio de Bárbara Paz ao realizar o filme “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou”. Documentário de rara beleza plástica que mescla vida e obra, montado como mosaico, está à altura do cinema de Babenco ao transitar pelo trágico-lírico-cômico. Paz, viúva de Hector, registra, com coragem, o homem que ama e o cineasta que admira. 

O filme, como sonho, revela imagens e cenas de vida e morte, cinema e doença, juventude e maturidade, criatividade e cansaço, confusão e tristeza, festa e despedida, impotência e finitude que se misturam e desaparecem para ressurgirem, novamente, transformadas. Não se trata apenas de visitar certos temas. Se assim fosse, seria com certeza menos triste, menos injusto – como sempre parece ser a morte para quem deseja viver e realizar com ardor. Trata-se de testemunhar os pequenos cúmplices e sublimes momentos capturados pela câmera – sempre transitórios, como bem apontou Freud no ensaio de 1915, “Sobre a transitoriedade”. Vida, arte e ofício se combinam; como fios, tecem relações, filmes, amizades e casamentos.  

O filme de Bárbara Paz poderia ser enquadrado na categoria arte de morrer, assim como o poema “A arte de perder”, de Elizabeth Bishop, criou a categoria arte de perder. Arte é o que importa. Arte que tenta enganar a morte e estica a corda da vida. Arte de enfrentar doença arrasadora por mais de 30 anos, como Hector Babenco enfrentou. Arte de encarar morte e doença. E se eternizar no cinema. 

A psicanálise, tal como o cineasta, não se furta às mais difíceis questões. Sem ilusões, desvelou o desejo e o desamparo dos homens. Psicanalistas sabem que a dor proveniente das desilusões acentua ainda mais a necessidade das religiões. A arte como lenitivo é para poucos! 

SOBRE O #MISEMCASA
A campanha #MISemCASA traz conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. A ação acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por conta da orientação do Centro de Contingência do Covid-19 – que determinou que os equipamentos culturais do Governo do Estado de São Paulo tenham seu funcionamento suspenso temporariamente. Conheça a ação #culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

O MIS agradece aos patrocinadores e apoiadores da programação, que também apoiam a iniciativa digital #MISemCASA: Youse (patrocínio máster), Kapitalo Investimentos (patrocínio), Cielo (patrocínio), TozziniFreire Advogados (apoio institucional), Bain & Company (apoio institucional) e Telhanorte (apoio operacional).

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