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Museu da Imagem e do Som

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#MISemCASA | Ciclo de Cinema e Psicanálise | Meu pai

Nesta edição, o programa conduzido por Luciana Saddi, recebe a psicanalista Marlene Rozenberg e o médico geriatra Venceslau Coelho para falar sobre a produção “Meu pai”.

Data

20/07/2021

Horários

20h, ao vivo

Ingresso

Gratuito – online

Com interpretação em Libras

Na edição de julho, o programa que debate filmes à luz da psicanálise, conduzido por Luciana Saddi, coordenadora do programa de cinema e psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, recebe a psicanalista Marlene Rozenberg e o médico geriatra  Venceslau Coelho para falar sobre a produção “Meu pai” (dir. Florian Zeller, Reino Unido/ França, 2020, 97 min, 14 anos disponível no Net Now, Belas Artes à La Carte, Looke e Google Play), filme que questiona o status da própria consciência e apresenta um caleidoscópio de afetos a partir da memória do octagenário Anthony, vivido por Anthony Hopkins, para quem o filme foi escrito, tendo lhe rendido diversos prêmios pelo trabalho, culminando com um Oscar. 

O longa-metragem é dirigido e tem o roteiro adaptado por Florian Zeller a partir da peça de teatro homônima escrita em 2012 por ele mesmo. O filme circulou por diversos Festivais de Cinema ao redor do mundo, tendo ganhado diversos prêmios de Roteiro Adaptado, entre eles o BAFTA, o British Independent Film Award e o Oscar nessa categoria, além do Prêmio Goya de Melhor Filme Europeu.  

Assista ao bate-papo vivo no canal do MIS no YouTube.

Sobre os debatedores

Marlene Rozenberg é psicóloga (USP), membro efetivo e analista didata da SBPSP. Coordena seminários clínicos e teóricos no Instituto Durval Marcondes e é membro da Diretoria de Cultura e Comunidade da SBPSP. 

Venceslau Antonio Coelho é médico colaborador do serviço de geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e consultor da corretora Willis Towers Watson. 

Sobre a mediadora

Luciana Saddi é psicanalista e escritora. É membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, mestre em Psicologia pela PUCSP e diretora de Cultura e Comunidade da SBPSP (2017/2020). É autora de “Educação para a morte” (Ed. Patuá), coautora dos livros “Alcoolismo – série o que fazer?” (Ed. Blucher) e “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. É fundadora do Grupo Corpo e Cultura e coordenadora do programa de cinema e psicanálise da diretoria de cultura e comunidade da SBPSP em parceria com o MIS e a Folha de S.Paulo. 

Sobre o filme

Meu pai (dir. Florian Zeller, Reino Unido/ França, 2020, 97 min, 14 anos disponível no Net Now, Belas Artes à La Carte, Looke e Google Play)

Antonhy tem 80 anos e mora sozinho em Londres. Ele recusa todas as enfermeiras contratadas pela filha para cuidar dele. Mas, a ajuda se torna ainda mais necessária porque a filha decide mudar para Paris e Anthony está cada vez pior. Enquanto ele tenta entender as mudanças, começa a duvidar de todos a sua volta, de sua própria mente e da própria realidade. 

“Meu pai”, de Florian Zeller, faz um retrato ímpar e comovente da decrepitude. Na  narrativa aparentemente simples, Anthony (Anthony Hopkins) com 81 anos de idade – já no apagar das luzes – mora sozinho em seu apartamento em Londres, e recusa diversos cuidadores que a filha Anne (Olivia Colman) lhe oferece. De forma sutil e engenhosa Zeller cria múltiplas versões, ligeiramente modificadas ou estendidas, do problema inicial. Constrói cenas poéticas que se superpõem com pequenas variações e repetições. São cenas de delicadeza rara, entrecortadas por novas repetições e variações, que induzem o espectador a questionar a realidade. 

Espaço e tempo se desfazem mergulhados nos labirintos da memória. Personagens aparecem, somem e reaparecem – a noção de continuidade se esvai. Ora a realidade parece se impor, para em seguida se assemelhar a um filme antigo e surrado. A identidade dos personagens e características psicológicas se tornam borradas. A confiança se desmancha em algum momento do processo. Imagens, cenas e narrativas se chocam e revelam confusão e angústia. O estranhamento se amplia. A falta de sentido cresce. Há certo suspense, mas não se trata de trama de mistério ou terror. O filme aproxima, de maneira delicada, o espectador da forma como Antony vê o mundo. 

Cada momento é carregado de emoções sutis, delicadas, comoventes – por seus olhos percebe-se a realidade. Tristeza, medo, estranhamento. Impotência. Abandono, solidão, amor. Ira. Caleidoscópio de afetos. Condensação de sentidos convertidos em fragmentos da vida cotidiana são trabalhados e retrabalhados até o ponto de vórtice e, dessa maneira, revelam o colapso dos alicerces que sustentam a necessária separação entre realidade e identidade, razão e loucura. O retrato da demência é cortante, fiel e assusta. No entanto, para a psicanálise, o filme vai além. Ao acompanhar o estranho mundo de Antony, a particular forma de ser, ver e sentir o longa questiona o status da própria consciência e as complexas relações entre memória, sentimentos, emoções, experiência e realidade. Correntes de pensamentos se cruzam, fragmentos de afetos se chocam com pedaços de ideias que correm em disparada, registros se diluem e se transmutam em emoções, e permitem que personagem e espectador experimentem, com agonia, a matéria prima de sonhos, desejos e até mesmo da razão. Zeller realizou experiência emocional singular, ao relatar a miséria da velhice retratou o avesso da consciência, e deu forma à desordem fundante dos humanos. 

Por último, é importante notar com certa ironia, o paradoxo da premiação de Hopkins, aos 81 anos, com o Oscar por sua atuação impecável. Mostra haver vida com qualidade na velhice. 

SOBRE O #MISEMCASA
A campanha #MISemCASA traz conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. A ação acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por conta da orientação do Centro de Contingência do Covid-19 – que determinou que os equipamentos culturais do Governo do Estado de São Paulo tenham seu funcionamento suspenso temporariamente. Conheça a ação #culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

O MIS agradece aos patrocinadores e apoiadores da programação, que também apoiam a iniciativa digital #MISemCASA: Kapitalo Investimentos (patrocínio), Cielo (patrocínio), TozziniFreire Advogados (apoio institucional), Bain & Company (apoio institucional) e Telhanorte (apoio operacional).

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