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#MISemCASA | Ciclo de Cinema e Psicanálise | Os 7 de Chicago

O Ciclo de Cinema e Psicanálise debate nesta edição, Os 7 de Chicago.

Data

23/03/2021

Horários

20h, ao vivo 

Ingresso

Gratuito – online

A cada edição o Ciclo de Cinema e Psicanálise traz debate sobre um filme mediado por Luciana Saddi, coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da SBPSP. Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. Na temporada #MISemCASA, as edições são quinzenais, e o público pode assistir ao filme antecipadamente em plataformas de streaming.

Nesta segunda edição de março, o programa debate Os 7 de Chicago (dir. Aaron Sorkin, EUA, 2020, 130 min, 16 anos, disponível na Netflix), filme inspirado na história real de Os 7 de Chicago, que mostra o protesto pacífico contra a Guerra do Vietnã em Chicago, no ano de 1968, que se transformou em um confronto violento com a polícia. 

O bate-papo conta com a participação de Marcella Monteiro de Souza e Silva, bióloga, psicóloga, psicanalista e membro associado da SBPSP, e de Luís Francisco Carvalho Filho, advogado criminal e colunista da Folha de S.Paulo.

Assista ao vivo no canal do MIS no YouTube.

Sobre os debatedores 

Marcella Monteiro de Souza e Silva é bióloga, psicóloga, psicanalista, membro associado daSBPSP, integrante do Projeto Interculturalidade e Cuidados na E-I Migração da Unifesp e membro do Coletivo Escuta Liberta (ligado à Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio).  

Luís Francisco Carvalho Filho é advogado criminal, colunista da Folha de S.Paulo, tendo presidido a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (2001-2004).​ ​


Sobre o filme

Inspirado em história real Os 7 de Chicago acompanha e resgata os protestos contra a guerra do Vietnã durante a Convenção Nacional do Partido Democrata, em 1968. São apresentados desde o início do drama a reinante instabilidade social daquele período histórico e movimentos sociais da contracultura. Confrontos entre polícia e participantes levam à julgamento, por interesse e pressão do Governo, vários ativistas políticos da época acusados de conspiração. No tribunal se desenrola grande e ultrajante farsa. Não são consideradas a prova oral de ausência de culpa dos acusados nem a absurda e apavorante situação do co-fundador dos panteras negras, Bobby Seale, réu sem nenhuma participação ou relação com os protestos. A falta de provas não intimida acusadores ou juiz quando movidos por interesses políticos. A arbitrariedade gera comoção. Prisão e julgamento injustos, dispositivos típicos da opressão e das tiranias levam a múltiplas resistências e formas de luta contra o sistema. A conflitiva circunstância histórica foi exploradas com competência pelo diretor Sorkin que é também o roteirista do drama, e reafirma sua habilidade em contar histórias baseadas em fatos reais. O elenco formado por estrelas hollywoodianas é bastante atraente. 

Os protestos contra a guerra do Vietnã e pelos direitos civis foram amplamente divulgados na imprensa à época e tinham como slogan “o mundo inteiro está assistindo”. O que surpreende em 2020, quando o filme foi exibido na Netflix, é a atualidade perturbadora do tema. O mundo inteiro assiste hoje o retorno da instabilidade social que gerou protestos nos anos de 1968 e, principalmente, surpreende a permanência dos problemas enfrentados por aquela geração. Racismo estrutural, opressão às manifestações, desigualdade social, de gênero, educacional, política e econômica, corrupção política da justiça e outros problemas talvez tenham sido mitigados nesses 50 anos, mas estão muito longe da superação. O retorno do reprimido expresso pelos movimentos de extrema direita como supremacistas brancos provoca o retorno da luta por direitos civis. 

Considerar o sofrimento social advindo da injustiça, preconceito e exclusão além dos inúmeros sintomas, consequências do ambiente e do sistema em que a sociedade está inserida, sua mentalidade, a psique do Real como afirmou Herrmann, é movimento importante para a Psicanálise da Cultura e para o analista praticante.  Em Psicologia das massas e análise do Eu Freud abordou o comportamento de grupos, a partir das relações que moldam o indivíduo desde a infância, afirmava que essas eram também fenômenos sociais. “A psicologia individual é também, desde o início, psicologia social”. A relação entre líderes e a massa foi minunciosamente analisada no ensaio citado acima. Mães e pais apresentam o mundo para bebês. Tendem a normalizar situações de extrema violência porque repetem o modelo de seus pais e cuidadores. É evidente que tamém há luta contra a perpetuação de antigos valores e sistemas de crença com o objetivo de fortalecer os princípios civilizatórios. O poder, entretanto, está ancorado em tais padrões e na tradição. E em muitos momentos até mesmo a justiça não se distingue de concepções e interesses contrários à civilização. Quando há deterioração do valor da justiça e esgarçamento da Lei perdas civilizatórias importantes são inevitáveis. A justiça é um dos principais alicerces da civilização. 

Os 7 de Chigaco revela a verdade sendo esculpida pelo tempo. Restabelece a narrativa da resistência à opressão e da retomada da justiça. Relembra que a civilização está sob ataque continuo. Em cada um de nós brota o ódio à civilização pelo que ela nos impõe de coerção pulsional. Faz perceber as forças de destruição civilizatória sedentas de poder e riqueza que não suportam conflitos nem limites que a sujeição à lei impõe a todos. Ao contrário, autoritariamente, pretendem sujeitar todos e impor a lei do mais forte, o que significaria o fim da civilização.  

SOBRE O #MISEMCASA
A campanha #MISemCASA traz conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. A ação acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por conta da orientação do Centro de Contingência do Covid-19 – que determinou que os equipamentos culturais do Governo do Estado de São Paulo tenham seu funcionamento suspenso temporariamente. Conheça a ação #culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

O MIS agradece aos patrocinadores e apoiadores da programação, que também apoiam a iniciativa digital #MISemCASA: Youse (patrocínio máster), Kapitalo Investimentos (patrocínio), Cielo (patrocínio), TozziniFreire Advogados (apoio institucional), Bain & Company (apoio institucional) e Telhanorte (apoio operacional). 

 

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