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Museu da Imagem e do Som

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#MISemCASA | Ciclo de Cinema e Psicanálise | “Quando a vida acontece”

Esta edição se debruça sobre o filme “Quando a vida acontece”

Data

13/04/2021

Horários

20h, ao vivo

Ingresso

Gratuito – online

com interpretação em Libras

A cada edição o Ciclo de Cinema e Psicanálise traz debate sobre um filme mediado por Luciana Saddi, coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. Na temporada #MISemCASA, as edições são quinzenais, e o público pode assistir ao filme antecipadamente em plataformas de streaming.

Esta edição se debruça sobre o filme “Quando a vida acontece” (dir. Ulrike Kofler, Áustria, 2020, 93 min, 16 anos, disponível na Netflix), que conta a história do casal Alice (Lavinia Wilson) e Niklas (Elyas M'Barek) que enfrenta longo e frustrado tratamento para infertilidade. Desiludidos, decidem passar férias na Sardenha com a esperança de se recuperarem. Estão desnorteados e cansados. Há tristeza no olhar de ambos. Pretendem recobrar a vontade de viver e a comunicação perdida entre as tentativas de engravidar. Precisam descobrir o destino da casa que construíam para os filhos que não terão.

Participam do debate Gina Khafif Levinzon, psicanalista, membro efetivo da SBPSP e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Adoção e Parentalidades da SBPSP, além de autora de diversos livros e artigos sobre adoção, e Cláudia Collucci, repórter na Folha de S.Paulo desde 1990 e autora dos livros “Quero ser mãe” e “Por que a gravidez não vem?”.​

Assista ao vivo no canal do MIS no YouTube.

Sobre os debatedores

Gina Khafif Levinzon é psicanalista, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), doutora em Psicologia Clínica pela USP, professora do curso de especialização em Psicoterapia Psicanalítica CEPSI-UNIP e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Adoção e Parentalidades da SBPSP. É autora de vários artigos e dos livros “A criança adotiva na psicoterapia psicanalítica” (ed. Escuta), “Adoção” (ed. Artesã), “Tornando-se pais: a adoção em todos os seus passos” (ed. Blucher) e organizadora de “Adoção – desafios da contemporaneidade” (ed. Blucher).

Cláudia Collucci é repórter na Folha de S.Paulo desde 1990. Já trabalhou nos cadernos regionais, em Cotidiano e na editoria de Treinamento. É mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós-graduada em gestão de saúde pela FGV. Escreve sobre saúde. É autora dos livros “Quero ser mãe” e “Por que a gravidez não vem?”.​

Sobre o filme

A falta de sentido na vida – sinal sempre presente após perdas e traumas – e a dor dos sonhos desfeitos se expressam nos mais variados e frugais momentos cotidianos da dupla. Assim como o medo do vazio e o medo da intimidade. No hotel conhecem uma família, hospedada no apartamento vizinho, que à primeira vista parece perfeita, daquelas de dar inveja a qualquer um. Aos poucos, na medida em que travam maior conhecimento e aprofundam relações, emergem dificuldades, conflitos e dramas, e o clima de “a grama do vizinho é mais verde” se desfaz. Ao mesmo tempo e de maneira inversa à desilusão com os vizinhos o casal cicatriza as feridas.

As formas de enfrentar perdas, depressão e luto intrigaram Freud e os analistas que o sucederam. Não seria impossível, antes pelo contrário, percorrer toda a história da psicanálise por meio do verbete perdas. Autores, Escolas e cada psicopatologia articula a palavra e seu sentido de maneira própria e singular. 

Na narrativa do filme, ainda que centrada em perda pontual, observa-se que impossibilidade de ter filhos, gera um tipo de reação à perda que carrega e atrai para si muitas outras, anteriores e posteriores ao evento. Perdas materiais e simbólicas se somam – ambas ferem. Alice está despedaçada, morta por dentro, identificada com os filhos que não consegue gerar. Niklas procura desesperadamente alguma potência frente à própria dor e contra incapacidade de fazer Alice menos infeliz. A morte da potência, a morte da fertilidade, a morte dos sonhos de cada um se avolumam e se condensam na hipótese de separação do casal.

É necessário longo trabalho de elaboração do luto formado por inúmeros desligamentos para que surja desejo e espaço capaz de conter novos investimentos. O processo é doloroso. O luto surge como um tipo de loucura que arrefece à medida do enfrentamento da dor da perda. Mas ainda assim é loucura. Nesse processo o sofrimento é sentido e a falta, considerada. Há momentos de calmaria revestidas de pesar que podem ser revertidos, a qualquer instante, para nova etapa de dilaceramento. 

Já na melancolia o processo é diverso, se instala quando a perda real ou simbólica se funde à culpa inconsciente. Na melancolia, dor e pesar se silenciam, e retornam em forma de ataques contra o Eu.

O maior mérito desse drama austríaco é poder por meio de imagens singelas, sóbrias, lugares comuns até, desenrolar a novela do luto, o romance do padecimento e o conto de agonia do casal. Sutilmente o espectador é convidado a compartilhar o percurso emocional dos personagens. Testemunha-se falência financeira e emocional. Conversas abortadas, sexo sem graça, palavras que fogem da boca. Turbilhão e tensão. É dessa maneira que a vida acontece.

SOBRE O #MISEMCASA
A campanha #MISemCASA traz conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. A ação acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por conta da orientação do Centro de Contingência do Covid-19 – que determinou que os equipamentos culturais do Governo do Estado de São Paulo tenham seu funcionamento suspenso temporariamente. Conheça a ação #culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

O MIS agradece aos patrocinadores e apoiadores da programação, que também apoiam a iniciativa digital #MISemCASA: Youse (patrocínio máster), Kapitalo Investimentos (patrocínio), Cielo (patrocínio), TozziniFreire Advogados (apoio institucional), Bain & Company (apoio institucional) e Telhanorte (apoio operacional). 

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