MIS

Museu da Imagem e do Som

MIS

Museu da Imagem e do Som

Carregando Eventos

#MISemCASA | Ciclo de Cinema e Psicanálise | Quo Vadis, Aida?

Esta edição debate o filme Quo Vadis, Aida? e participam da conversa o psicanalista Eduardo São Thiago Martins e a repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello. 

Data

24/08/2021

Horários

20h, ao vivo

Ingresso

Gratuito – online

Com interpretação em Libras

A cada edição o Ciclo de Cinema e Psicanálise traz debate sobre um filme mediado por Luciana Saddi, coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. Na temporada #MISemCASA, as edições são quinzenais, e o público pode assistir ao filme antecipadamente em plataformas de streaming. 

Esta edição debate o filme Quo Vadis, Aida? (dir. Jasmila Zbanic, 2020, 102 min, 16 anos, disponível na Net Now, Apple iTunes e Google Play), um tributo às vítimas do massacre da Guerra na Bósnia, que aborda a impunidade como fator que perpetua o trauma e as possibilidades de elaboração desse trauma por meio da reparação às vítimas e da arte, que é parte fundamental da cura. Participam da conversa o psicanalista Eduardo São Thiago Martins e a repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello

Assista ao vivo no canal do MIS no YouTube.

Sobre os debatedores

Eduardo São Thiago Martins é psicanalista, membro da SBPSP, psiquiatra pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da USP, onde colabora como coordenador de atividades, professor e supervisor junto ao Núcleo de Psicanálise do Serviço de Psicoterapia. 

Patrícia Campos Mello é repórter especial e colunista. Vencedora do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa e do Prêmio Rei da Espanha. Formada em Jornalismo pela USP, tem mestrado pela Universidade de Nova York (NYU). Foi correspondente em Washington de 2006 a 2010. 

Sobre a mediadora

Luciana Saddi é psicanalista e escritora. É membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, mestre em Psicologia pela PUCSP e diretora de Cultura e Comunidade da SBPSP (2017/2020). É autora de “Educação para a morte” (Ed. Patuá), coautora dos livros “Alcoolismo – série o que fazer?” (Ed. Blucher) e “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. É fundadora do Grupo Corpo e Cultura e coordenadora do programa de cinema e psicanálise da diretoria de cultura e comunidade da SBPSP em parceria com o MIS e a Folha de S.Paulo. 

Sobre o filme

Quo Vadis, Aida? (dir. Jasmila Zbanic, Alemanha/Áustria/Bósnia-Herzegovina/França/Noruega/Holanda/ Polônia/Romênia/Turquia, 2020, 102 min, 16 anos, disponível na Net Now, Apple iTunes e Google Play) 

Aida é uma professora que trabalha como tradutora para a ONU durante a Guerra da Bósnia. Quando o exército inimigo invade a cidade de Srebrenica (11 de julho de 1995), Aida está entre os milhares de cidadãos que procuram abrigo no acampamento da ONU. Dentro do processo de negociação, Aida tem acesso a informações importantes que ela precisa interpretar. O que espera sua família e o seu povo – o regaste ou o genocídio? Que ação ela deve tomar?  

Durante a guerra da Bósnia, na pequena cidade de Srebrenica, em 1995, Aida (Jasna Djuricic), professora local, trabalha como tradutora para o campo de refugiados da ONU até que o exército sérvio domina a cidade. Após a invasão Aida terá que se desdobrar para ajudar a comunidade apavorada pelo genocida General Ratko Mladić (Boris Isaković) e, ao mesmo tempo, e desesperadamente, vai procurar salvar a própria família.  

Lançado no 25º aniversário do massacre, Quo Vadis, Aida?, produção da Bósnia e Herzegovina, foi indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2021. Narra as últimas horas do massacre de Srebrenica quando quase 9 mil bósnios muçulmanos foram assassinados pelos sérvios.  Trata-se de um dos capítulos mais sangrentos, injustos e absurdos da guerra civil iugoslava, entre 1991 e 2001. Na ocasião, a Bósnia e Herzegovina sofria impiedosos ataques da Sérvia, cujas tropas e milícias perpetravam genocídio étnico após a Bósnia proclamar independência da antiga Iugoslávia em 1992, ato reconhecido pelas Nações Unidas. Não há necessidade de se conhecer os fatos históricos para compreender a tragédia em curso e a falência das instituições que deveriam proteger o povo bósnio. O medo, a impotência e a desesperança são retratados na direção frenética e no inclemente roteiro da diretora Jasmila Zbanic. 

Aida aparece ansiosa sempre correndo de um lado para o outro. Para onde vai? Genuinamente procura ajudar soldados e médicos a lidar com feridos e desalojados. Tenta construir a ponte entre os protagonistas da tragédia. Entretanto, de forma crescente, constata-se não ser mais possível qualquer tipo de ligação ou articulação. Afinal, de que serve a tradução quando não há diálogo? O império da força prescinde das palavras e nega qualquer forma de negociação. De um lado, o genocida General Ratko Mladić comandante de poderoso exército, de outro, milhares de civis, homens, mulheres, crianças e famílias – inocentes. Entre eles observamos a ONU sucumbir ameaçada. A instituição que deveria proteger os mais fracos está combalida, incapaz de reação, porta-se de forma burocrática, seus líderes distantes do conflito não ligam para os bósnios. A situação se torna mais desesperadora quando Aida descobre que seu marido e filhos estão entre a população que buscou segurança no campo de refugiados. Apesar da luta frenética e do trabalho insano em busca de esconderijo não encontra proteção para sua família.  

Identificados com a luta e fracasso de Aida, da população bósnia, da ONU, das instituições, da humanidade e da civilização nos resta aceitar, ainda que com indignação de sobra, a impotência dos inocentes e, principalmente, o fracasso da política. Não será mera coincidência pensar que no Brasil há semelhantes fracassos hoje. 

Reconhecer crimes, apontar os responsáveis e julgar culpados pode amenizar traumas transgeracionais. A impunidade agrava o trauma, que tende a se repetir em forma de compulsão caso não encontre formas de elaboração e representação. O filme cumpre todos esses papeis. É tributo comovente às vítimas do massacre e denuncia os responsáveis de forma contundente. A arte como reparação faz o que as instituições não puderam fazer. Afinal a reparação é parte fundamental da “cura”. 

SOBRE O #MISEMCASA
A campanha #MISemCASA traz conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. A ação acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por conta da orientação do Centro de Contingência do Covid-19 – que determinou que os equipamentos culturais do Governo do Estado de São Paulo tenham seu funcionamento suspenso temporariamente. Conheça a ação #culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

O MIS agradece aos patrocinadores e apoiadores da programação, que também apoiam a iniciativa digital #MISemCASA: Kapitalo Investimentos (patrocínio), Cielo (patrocínio), Vivo (patrocínio), TozziniFreire Advogados (apoio institucional), Bain & Company (apoio institucional) e Telhanorte (apoio operacional).

Governo do Estado de SP