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Museu da Imagem e do Som

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#MISemCASA | Ciclo de Cinema e Psicanálise | Transtorno explosivo

Esta edição debate o filme “Transtorno explosivo” e participam do debate a psicanalista Maria Thereza de Barros França e a psicóloga Lilian Seger.

Data

14/09/2021

Horários

20h, ao vivo

Ingresso

Gratuito – online

com interpretação em Libras 

A cada edição o Ciclo de Cinema e Psicanálise traz debate sobre um filme mediado por Luciana Saddi, coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. Na temporada #MISemCASA, as edições são quinzenais, e o público pode assistir ao filme antecipadamente em plataformas de streaming. 

Esta edição debate o filme “Transtorno explosivo” (dir. Nora Fingscheidt, Alemanha, 2019, 118 min, 12 anos, disponível na Telecine Play e Apple iTunes), narrativa que contém questões filosóficas, psicanalíticas e pedagógicas relevantes sobre a infância, problematizando o amor e sua ausência e questionando o papel da família e os limites dos profissionais de saúde e educação em casos difíceis como o apresentado neste longa. Participam do debate a psicanalista Maria Thereza de Barros França e a psicóloga Lilian Seger.

Assista ao vivo no canal do MIS no YouTube.

Sobre as debatedoras

Maria Thereza de Barros França é psiquiatra, psicanalista, membro efetivo e docente da SBPSP, psicanalista de crianças e adolescentes pela IPA, coordenadora do primeiro ano do Cinapsia (Curso Introdutório ao Atendimento Psicanalítico da Infância e Adolescência) e membro do GPPA (Grupo Prisma de Psicanálise e Autismo), que recebeu o prêmio Zaira de Bittencourt Martins, edição 2021. 

Liliana Seger é doutora em psicologia e coordenadora do ambulatório de transtorno explosivo no IPq – Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

Sobre a mediadora

Luciana Saddi é psicanalista e escritora. É membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, mestre em Psicologia pela PUCSP e diretora de Cultura e Comunidade da SBPSP (2017/2020). É autora de “Educação para a morte” (Ed. Patuá), coautora dos livros “Alcoolismo – série o que fazer?” (Ed. Blucher) e “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. É fundadora do Grupo Corpo e Cultura e coordenadora do programa de cinema e psicanálise da diretoria de cultura e comunidade da SBPSP em parceria com o MIS e a Folha de S.Paulo. 

Sobre o filme

“Transtorno explosivo” (dir. Nora Fingscheidt, Alemanha, 2019, 118 min, 12 anos, disponível na Telecine Play e Apple iTunes) 

Com apenas nove anos de idade, Benni é uma criança problema. Ela transita por diferentes lares adotivos porque assusta todos os cuidadores com seus surtos de raiva e irreverência. A senhora Bafané, profissional do Instituto de Proteção à Criança, tenta diversos métodos de integração da criança em um lar permanente, mas a rebeldia de Benni não vai cessar enquanto ela não realizar o desejo de estar em volta da própria mãe que a entregou porque tinha medo da filha. 

Benni (Helena Zangel), aos nove anos, é uma criança frágil e perigosa. Sob custódia do serviço de proteção infantil alemão desafia a capacidade do sistema. Foi expulsa de incontáveis casas, escolas e centros para crianças abandonadas. Ninguém sabe ao certo como tratar a garota que vive ataques de fúria incontroláveis. Episódios brutais que trazem risco aos que a cercam. Mesmo com enormes dificuldades, profissionais experientes se mobilizam para cuidar da menina por meio de tratamento educacional, psicológico e medicamentoso, infelizmente, sem resultado. Todos desistem, inclusive a mãe. A última esperança é Micha, especialista em controle de raiva que toma a frente do tratamento. 

O que mais intriga em Benni, e cria expectativas sinceras de algum resultado, é que a menina é capaz de momentos de grande ternura, embora, alguns desses momentos não pareçam verdadeiros, principalmente no início do filme, quando a personagem é apresentada. A variedade de comportamentos e reações da menina (e da jovem atriz) surpreende. Instantes de agressividade, episódios de chantagem emocional e momentos de manipulação se alternam com cenas tocantes que sugerem desamparo, vontade genuína de contato e fome de amor.     

Outro mérito do diretor está em recusar qualquer formulação caricata dos personagens. Da menina à mãe, dos profissionais de saúde e educação à polícia, não se percebem extremos e congelados comportamentos de bondade ou maldade. Diante do desespero todos lutam para salvar a “destruidora de sistemas” dela mesma e do ambiente difícil que tende a reforçar comportamentos destrutivos. Dessa forma, a narrativa pode ser entendida tanto como crônica de fracasso e impotência, mas também como retrato de generosidade e persistência.  

Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, dizia que nada era mais importante do que sobreviver aos pacientes. A destrutividade dos analisandos não pode ser vencedora nas relações analíticas, pois esse tipo de vitória confirmaria a falta de esperança e ausência de capacidade amorosa – signos profundos de rejeição e ódio. É característica dessa forma de auto representação inconsciente criar um campo rígido com tendência ao reforço dos comportamentos agressivos. A leitura moral da birra infantil, tão comum entre adultos e pais, impede o acolhimento e, ao contrário, gera incremento da destrutividade. Melanie Klein, outra psicanalista infantil importante, afirmou que o excesso de ódio e desejo de destruir, a falta de continência dos impulsos hostis e a culpa por agressão aos objetos amorosos impedem a instalação da posição depressiva e reforçam a posição esquizoparanoide. Portanto, colocar limites na destrutividade de crianças e adultos, impedi-los sem acusá-los, é medida protetora importante. É preciso que todos sejamos vistos de forma amorosa para desenvolver a capacidade de amar. É preciso ser tratado com bondade e tolerância. Transtorno explosivo, de Nora Fingscheidt, é um grande filme, eletrizante e comovente, com atores excepcionais e roteiro bem construído, que trata a personagem Benni com bondade e esperança. Torcemos por Benni, abandonamos Benni, odiamos Benni e sofremos com ela. No final impotência e fracasso imperam. Um sabor amargo toma o expectador. Esse tom amargo de fracasso seria representativo da falha dos primeiros vínculos de Benni com a mãe? A narrativa contém questões filosóficas, psicanalíticas e pedagógicas relevantes sobre a infância. Principalmente, problematiza o amor e sua ausência. Questiona o papel da família e os limites dos profissionais de saúde e educação em casos tão difíceis. 

SOBRE O #MISEMCASA
A campanha #MISemCASA traz conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. A ação acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por conta da orientação do Centro de Contingência do Covid-19 – que determinou que os equipamentos culturais do Governo do Estado de São Paulo tenham seu funcionamento suspenso temporariamente. Conheça a ação #culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

O MIS agradece aos patrocinadores e apoiadores da programação, que também apoiam a iniciativa digital #MISemCASA: Kapitalo Investimentos (patrocínio), Cielo (patrocínio), Vivo (patrocínio), TozziniFreire Advogados (apoio institucional), Bain & Company (apoio institucional) e Telhanorte (apoio operacional).

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